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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O trabalho

“Encontrar o trabalho certo é como descobrir a sua própria alma no mundo.” (Thomas Moore, poeta irlandês)


Olá!
Um alô especial para meus queridos alunos/as que estão em férias: beijos e descansem bastante! Vamos ao nosso encontro semanal com vocês e todos/as amigos/as do Mire e Veja Travessia:
A cada ano vejo muitos jovens tentando descobrir qual carreira seguir, qual a sua “vocação”. É um momento difícil, principalmente nos dias atuais, onde quase todas as profissões, para serem exercidas, exigem mais alguns anos de estudos, esforço, recursos financeiros, renúncias, principalmente para a classe de baixa renda. Se isso não bastasse tem a dúvida: Qual caminho seguir? Qual o retorno financeiro de cada profissão? Algo importante, mas que não deve ser o critério maior. Afinal, no meu ponto de vista, é melhor ser um engraxate feliz do que um engenheiro frustrado, infeliz, por exemplo. Também se precisa levar em conta que todos os trabalhos têm as suas dificuldades, todos são dignos e todos são importantes para a sociedade. Seja dona de casa, mecânico, secretária, músico, agricultor, médico, advogada, enfermeira, professor, padeiro, o importante é gostar do que faz e fazer com amor, para o bem de todos e sempre lutando por condições dignas de trabalho.
Transcrevo aqui alguns trechos do livro O Profeta de Gibran Khalil Gibran (páginas 23 a 26), onde ele fala sobre este tema. Serve também para nós que já temos o nosso trabalho, a nossa profissão definida. Espero que gostem e reflitam sobre as palavras poéticas do “Profeta” que podem até soar pesadas, mas nossa alma precisa ouvi-las. Vamos lá:

(...) Disseram-vos que a vida é escuridão;
e no vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.
E eu vos digo que a vida é realmente escuridão, exceto quando há um impulso.
E todo impulso é cego, exceto quando há saber.
E todo saber é vão, exceto quando há trabalho.
E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.
(...) Muitas vezes ouvi-vos dizer como se estivésseis falando no sono: “Aquele que trabalha no mármore e encontra na pedra de sua alma é mais nobre do que aquele que lavra a terra. E aquele que agarra o arco íris e o estende na tela sob formas humanas é superior àquele que confecciona sandálias para nossos pés.”
Porém, eu vos digo, não no sono, mas no pleno despertar do meio-dia, que o vento não fala com maior doçura aos carvalhos gigantes do que à menor das hastes da relva; E grande é somente aquele que transforma o ulular do vento numa canção tornada mais suave pela sua própria ternura.
O trabalho é o amor feito visível.
E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis vosso trabalho e vos sentásseis à porta de um templo a solicitar esmolas daqueles que trabalham com alegria.
Pois se cozerdes o pão com indiferença, cozereis um pão amargo, que satisfaz somente a metade da fome do homem.
E se espremerdes a uva de má vontade, vossa má vontade destilará no vinho seu veneno.
E ainda que canteis como os anjos, se não tiverdes amor ao canto, tapais o ouvido do homem às vozes do dia e às vozes da noite.

4 comentários:

  1. Olá pessoal... Olá Profª!!!
    Gostei muito da postagem e do texto... O amor a tudo é importantíssimo para que tudo saia melhor... mais bonito... mais do q bem feito, feito com amor...
    Eu também estou nesta descoberta de minha vocação/profissão... e não é fácil mesmo... É importante lembrar que tudo na vida exige renúncias... se vc escolhe ser engenheiro, vc deixa todas as outras profissões para seguir uma... assim também é o casamento, vc escolhe uma mulher e renuncia todas as outras do mundo...
    Entretanto, não podemos pensar q nada é imutável, q tem que ser pra sempre assim... quem sabe o q vai acontecer amanhã??? Só Deus mesmo... É necessário q façamos uma auto-análise de nossos desejos, sonhos e projetos, coloquemos tudo na balança e aí sim, poderemos indicar a escolha mais certa para este momento de nossa vida...
    Só não esqueça que todas as escolhas têm suas consequências... assuma as consequências de sua escolha...
    Não tenhamos medo de errar... de tentar... de lutar por nossos sonhos... O pior é ficar em cima do muro e não fazer nada...
    Vc faz o seu destino... E só vc tem o poder de mudá-lo e moldá-lo à sua preferência...
    "Mire seu objetivo e sonho, Veja o que vc quer e siga a travessia da vida feliz!"
    Agora vou indo...
    Fui...

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  2. Oi Carlos!
    Também gosto muito deste texto. Aliás, não só do texto, mas de todo o livro “O Profeta”. Nele o autor usa a “prosa poética” p falar de vários outros temas como: A Dádiva, As Leis, A Liberdade, Os Filhos, A Amizade, O Ensino, As Compras e as Vendas, etc. etc. etc. , proporcionando-nos um enriquecimento espiritual, com sabedoria e singeleza bem próprias da cultura oriental. Vale a pena lê-lo. Concordo com suas sempre boas reflexões. Achei engraçado quando vc falou do casamento: "vc escolhe uma mulher e renuncia todas as outras do mundo..." Bem disse a Cecília Meireles: “Ou isto ou aquilo...” Também a analogia ao Mire e Veja no final do comentário tá bem poética! Parabéns!
    Beijos meu aluno querido, q mesmo em férias marca presença no Mire e Veja. Prepare-se: já, já, retornaremos às aulas...

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  3. “Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar.” (Ramón Valdés/Sr. Madruga)

    Perdoe-me pela pilhérica frase, mas vi nela muito sentido.
    No livro “Qual é a tua obra?”, de Mario Sérgio Cortella, ele trata sobre o tema: “Tripalium versus poesis.”
    O trabalho desde antigamente até os dias atuais é tratado como um castigo, como uma tortura.
    Nesse capítulo do livro ele esclarece:
    [...] No ponto de vista etimológico, a palavra “trabalho” tem origem no vocábulo latino “tripalium”, que era um instrumento de tortura, ou seja, três paus entrecruzados para serem colocados no pescoço de alguém e nele produzir desconforto. [...]
    E ainda...
    [...] Na religiosidade semítica expressa no mundo hebraico vai trazer a ideia do trabalho como castigo. Afinal, assim que desobedeceram à Divindade o homem recebeu a condenação: “Vais trabalhar”. [...]
    Então ele sugere a troca do conceito de “tripalium” pela “poesis”:
    [...] Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamavam de “poesis”, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo. [...]
    E exemplifica.
    [...] Por que um bombeiro, que não ganha muito e trabalha de uma maneira contínua em algo que a maioria de nós não gostaria de fazer, volta para casa cansado, mas de cabeça erguida? Por causa do sentido que ele vê no que faz. [...]

    Devemos encontrar o sentido do nosso trabalho. Para quando nos perguntarem o porquê de escolhermos tal profissão, não respondermos que foi por que a remuneração é muito boa ou por que estava em alta no mercado.
    Encontrando o sentido do que fazemos. A ligação que há entre o trabalho, minha obra e eu. Sentiremo-nos orgulhosos, honrados, e amaremos o nosso trabalho.

    “Não há nada mais trabalhoso do que viver sem trabalhar!” (Sr. Madruga)

    Atenciosamente.

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  4. Mr. Cuca: Um dos objetivos aqui é instigar o pensar e vc ampliou a nossa reflexão sobre o trabalho. Trouxe o Mario Sérgio Cortella e até um pouco de humor com o Sr. Madruga para, juntamente com o Khalil Gibran e todos nós do Mire e Veja pensarmos sobre um assunto de enorme relevância: o trabalho. Quem não gostou foi o meu cartão de crédito. Acabo de comprar “Qual é a tua obra?” pela internet. Hoje, na promoção, com frete, paguei quase R$ 22,00 na Saraiva. Já li muitos textos do Mário S. Cortella desde que ele foi secretário de educação do município de S.P., inclusive, recentemente, um artigo de jornal, porém nunca li um livro dele. Sendo da Editora Vozes, então... Para mim é sinônimo de coisa boa. Abraços!

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