Seja bem vindo (a)!

Sejam bem-vindos (as)! Vamos criar interrogações, incentivar a leitura, instigar o pensar, espalhar sementes...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Concurso de Redação

“A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra” (Mário Sérgio Cortella, filósofo)


                                               Olá!
No segundo ano do concurso de redação, com a participação das terceiras séries do Ensino Médio, apresento, com muita alegria, a redação vencedora de 2010: Nas asas de Brasília, texto de Lucas Marinho (foto).
Uma redação bem poética. Parabéns Lucas! Não só pela redação, mas pelo o que você é: criativo, educado, inteligente, coerente, um ser – pensante. Tenho orgulho de ter conhecido você e tê-lo como meu aluno nesse ano de 2010. Você e os demais finalistas estão convidados a participar do Sarau de Literatura, onde receberão uma singela e bonita condecoração. Parabéns mais uma vez e obrigada por permitir compartilhar o seu bonito texto aqui no Mire e Veja Travessia.

Tema: “Brasília, capital dos brasileiros”
Redação escolhida: 1º lugar


Nas asas de Brasília

         Há 50 anos nascia Brasília, depois de um longo tempo de gestação, filha da promessa; de um sonho real. Sua extensa planície propiciou uma beleza singular de uma riqueza inconcebível. Pela mão de Juscelino Kubitschek o laço que separava o plano da sua conquista foi desatado. A alusão daquele instante, da chegada de Cabral à Vera Cruz, surgiu diante das Asas de Brasília – ali se descobria o Brasil – que nascia sob memória da morte do inconfidente Tiradentes.
        Agora sim, esta nação alçaria voo. A esperança de desenvolvimento surgia com o marco arquitetônico e urbanístico moderno que Brasília representou naquela época e que até hoje representa. Mas ela não é apenas uma cidade moderna e tampouco é somente sede dos Três Poderes. Há muito esperada, ela é a consolidação da democracia no Brasil. No coração da nação, é o cenário das decisões nacionais. É a voz do povo. Nela se estabelece também o futuro dos brasileiros.
        Ela foi palco da opressão contra a ditadura pela força da união do povo. Foi espectadora das grandes passeatas em manifestações aos direitos e à melhoria de vida. Ouvira as buzinas, os slogans, as ovações, as vaias. Por ela caminharam brasileiros cheios de esperanças e Brasília participou delas, não apenas como terra para a sua passagem, mas era uma confidente, pois nela os brasileiros se sentiam à vontade.
        Todas essas conquistas não foram para o Brasil; foram para nós, brasileiros, pois nós somos o Brasil. Brasília foi erguida capital dos brasileiros, nossa capital. Os que dela nasceram são brasilienses, oh! Brasil. E ela – Brasília – é brasileira.

Lucas Marinho Rodrigues – nº 26 – 3º C





"Duas" palavrinhas sobre o blog*


“O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia...” (Guimarães Rosa)


          Olá!
        Com o incentivo e a ajuda dos meus queridos alunos e alunas, eu enfrentei o desafio de criar esse blog como um instrumento pedagógico no trabalho de Língua Portuguesa. Com o blog, não quero só ensinar, mas também aprender; não quero dar respostas prontas e acabadas, mas criar interrogações, incentivar a leitura, instigar o pensar, fazer fluir boas energias, espalhar sementes...
       Sempre grata a esses alunos e alunas que me inspiraram e começaram comigo esse projeto de boas experiências e aprendizagens enriquecedoras, num processo constante de diálogo, interação e troca de idéias, não só nesse blog, mas nos blogs que muitos deles criaram também. Vocês são alunos maravilhosos e inesquecíveis!

Mire, Veja!
Beijos 1000!

Algumas frases norteadoras na minha tarefa de educar:

Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas." - Guimarães Rosa

"O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra, montão." - Guimarães Rosa

"Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. (...) O que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos - dor não é amargura." - Adélia Prado

“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.” - Paulo Freire

* Postado em 24/11/2010 para esta pasta

* Escrito na introdução do blog em 25/02/2010.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meios de Comunicação X abuso de poder

“Reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança” (Mário Sérgio Cortella, filósofo)

        Recentemente muitos fatos estão acontecendo na sociedade e, às vezes, me sinto como canta Zé Geraldo: “isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos.”
        Dentre esses fatos, estão: as manifestações de preconceito contra os nordestinos que se intensificaram após as eleições, o ataque contra homossexuais feito por alguns jovens na Avenida Paulista, o ataque escancarado contra o Enem (que, dentre outras coisas, acaba com a “indústria” dos cursinhos e propõe maior oportunidade para pessoas de baixa renda e das diversas regiões do país também cursarem faculdade), a exploração descabida sobre assuntos de sentimentos religiosos e/ou pessoais a partir da véspera do primeiro turno da eleição, a exploração e manipulação da discussão sobre a imprensa brasileira depois do seminário “Comunicações eletrônicas e convergências de mídias”, etc., etc.
        Todos são temas polêmicos, alguns são complexos, mas não podemos ignorá-los. Precisamos nos informar, tomar posição, e, se preciso, agir.
        Aqui no Brasil os grandes meios de comunicação são monopolizados por alguns grupos e famílias e já é conhecido como sendo o 4º poder - além dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário – tanto é o poder e o abuso do poder exercido por esses grupos. Vale lembrar que, por ser uma concessão pública, esses meios de comunicação deveriam prestar serviços (de informação, cultura, lazer, comunicação...) à sociedade. Mas, infelizmente, não é isso que acontece.
        Proponho nesta postagem a leitura de um artigo da Carta Maior como fonte de informações e posições alternativas à da grande mídia.

Vamos ao texto:

Regulação de conteúdo é prática corrente em países democráticos


        Ao contrário do que afirma uma parcela da grande imprensa brasileira, medidas de regulação do conteúdo veiculado na radiodifusão são consideradas necessárias para a garantia da pluralidade e o respeito aos direitos humanos, pilares de sociedades democráticas. Experiências apresentadas em seminário internacional revelam o quanto o Brasil está atrasado neste debate. "É uma escolha social promover a diversidade cultural para que não exista o monopólio da indústria cultural e a uniformização", disse Emmanuel Gabla, diretor adjunto do Conselho Superior de Audiovisual, da França. Bia Barbosa, de Brasília

        A história já está ficando repetitiva. Todas as vezes em que se fala de medidas para regular a veiculação de conteúdo audiovisual a reação de uma parcela da grande mídia é a mesma: o governo quer censurar a imprensa e a liberdade de expressão. O que ficou claro, no entanto, a partir de uma série de experiências reguladoras apresentadas no seminário “Comunicações eletrônicas e convergência de mídias”, encerrado nesta quarta (10) em Brasília, foi justamente o contrário. Especialistas da França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Estados Unidos e Argentina e também de organismos como a Unesco e a União Européia reafirmaram a importância de regras para a exibição de conteúdos no rádio e na TV para a garantia da pluralidade e o respeito aos direitos humanos, pilares de sociedades democráticas.
        Não se trata, portanto, de censura, porque não há em vigor nesses países a idéia de aprovação prévia para veiculação de um determinado conteúdo. O que existe – sobretudo para os concessionários de rádio e TV, ou seja, o conteúdo jornalístico da mídia impressa e a internet não respondem a essas regulamentações – são regras para a promoção da pluralidade, diversidade, cultura nacional e regional, e imparcialidade jornalística; para a proteção das crianças e adolescentes, e da privacidade; para o combate ao chamado “discurso do ódio” e à injúria e difamação; e para a garantia do direito de resposta dos ouvintes e telespectadores.
        Coincidentemente, a grande maioria desses mecanismos está prevista na Constituição brasileira, mas até hoje não se tornou regras de fato aplicáveis justamente porque o setor da radiodifusão, com o apoio da mídia impressa, bloqueia o debate público sobre a questão, formando uma opinião pública contrária a essa visão na sociedade em geral e também em uma parte do Parlamento.
        Como todas as experiências fizeram questão de destacar, o princípio por trás dessas regras é justamente o da liberdade de expressão, que não é considerada um valor absolutista – e, portanto, tem limites – simplesmente porque não pode ser permitida apenas para alguns, tampouco para violar demais direitos.
        “A liberdade da expressão não pode ser usada para abusar da liberdade de outras pessoas. Incitar a violência contra outras pessoas, por exemplo, é algo que não pode existir nos meios de comunicação”, explicou Wijayananda Jayaweera, Diretor da Divisão de Desenvolvimento da Comunicação da Unesco. “O sistema regulatório existe para servir ao interesse público, e não necessariamente ao interesse dos radiodifusores. Deve garantir a pluralidade e promover a diversidade de idéias, de opiniões, de vozes numa sociedade”, acrescentou.
        “Nas democracias, há mais obrigações de conteúdo para a radiodifusão porque são empresas que estão usando um espaço público e porque o que veiculam tem um impacto muito grande. Por isso, questões como imparcialidade jornalística, discurso de ódio, proteção de crianças no rádio e na TV precisam estar previstas em leis que vão além da legislação geral”, afirmou o canadense Toby Mendel, consultor da Unesco. (...) (http://www.cartamaior.com.br/)
* grifo meu




sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Leitura

“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.” (Bill Gates)



Ler é uma atitude inteligente. A proficiência na leitura é algo indispensável nos dias atuais e todos sabem disso. Mas, para além dos conhecimentos, você sabia que a leitura é um alimento para o espírito? Quem tem o hábito da leitura prazerosa é testemunha desse fenômeno maravilhoso, assim com essa blogueira que não vive sem um livro...
Em 2005, num projeto pedagógico “Viagem Nestlé pela Literatura”, com o tema "Nós e os textos: um diálogo incrível que alimenta o espírito", discutimos essa questão a partir da leitura dos livros "O alienista e outros contos" – Machado de Assis e  "Melhores Poemas" – Mário Quintana. Fizemos várias oficinas inesquecíveis e, no final, cada aluno e aluna produziu o seu poema. O poema "Páginas", abaixo, com a primeira versão de uma aluna de 2005 (que esqueci o nome, perdão!) trabalhamos e transformamos no produto final com  a colaboração do grupo. Publico também "Leia, imagine e voe" de Renato, um dos participantes do projeto. Pena que  no meu "quarto de badulaques" não encontrei as fotos do grupo, mas seguem os textos. Vamos juntos viajar um pouquinho? Boa Leitura!

P Á G I N A S

Páginas...
Apenas páginas?!
Lições de vida
Alimento para o espírito
Calços para as dificuldades
Soluções para os problemas
Conhecimentos de vida
Ou apenas diversão.
Eu, tu, ele,
Nós, vós, eles,
Todos no mesmo dilema
Da vida.
No “assassinato” de Quintana
Que não deixa a luz apagar
Na loucura do alienista
Que Machado veio nos contar.
Todos nós envolvidos,
Entrelaçados;
Amantes, cúmplices;
Ou até odiando.
Perdendo-nos
E achando
Identificando-nos
Ou discordando.
Nas palavras,
Frases,
Pontos
De interrogação,
De exclamação,
Vírgulas e
Finais
Felizes.
Ou,
Surpreendentes
Como os rumos que a vida dá.
Recordando a infância
Com a poesia de Quintana.
Alimento o meu espírito
Para uma vida
Sem máscaras.
Para uma velhice, de repente!
Uma segunda vida?
Sei lá.
Não há.
Ou haverá?!
Quero embalar meu espírito
Nas páginas...
Texto,
Tecido,
Para me envolver,
Viver...

*****    *****     *****   ******   *****


LEIA, IMAGINE E VOE

Se você está sozinho,
Perdido na solidão,
Achou uma luz bem forte
No meio da escuridão.

Se a vida está um tédio,
E está tão chato viver,
Você encontrou um remédio
Achou um livro para ler.

Num abismo, num caixote,
Numa montanha ou na prisão
Poderá encontrar liberdade
Se tiver um livro na mão.

Se agora está com fome,
E não tem pão para comer,
Nem só de pão vive o homem
Se existem livros para ler.

Se você é como Ícaro
Sempre sonhou voar...
Voará até sem asas
Basta ler e imaginar.


(Renato Ribeiro Araújo  nº 31 – 3º E - 2005)