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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Meios de Comunicação X abuso de poder

“Reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança” (Mário Sérgio Cortella, filósofo)

        Recentemente muitos fatos estão acontecendo na sociedade e, às vezes, me sinto como canta Zé Geraldo: “isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos.”
        Dentre esses fatos, estão: as manifestações de preconceito contra os nordestinos que se intensificaram após as eleições, o ataque contra homossexuais feito por alguns jovens na Avenida Paulista, o ataque escancarado contra o Enem (que, dentre outras coisas, acaba com a “indústria” dos cursinhos e propõe maior oportunidade para pessoas de baixa renda e das diversas regiões do país também cursarem faculdade), a exploração descabida sobre assuntos de sentimentos religiosos e/ou pessoais a partir da véspera do primeiro turno da eleição, a exploração e manipulação da discussão sobre a imprensa brasileira depois do seminário “Comunicações eletrônicas e convergências de mídias”, etc., etc.
        Todos são temas polêmicos, alguns são complexos, mas não podemos ignorá-los. Precisamos nos informar, tomar posição, e, se preciso, agir.
        Aqui no Brasil os grandes meios de comunicação são monopolizados por alguns grupos e famílias e já é conhecido como sendo o 4º poder - além dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário – tanto é o poder e o abuso do poder exercido por esses grupos. Vale lembrar que, por ser uma concessão pública, esses meios de comunicação deveriam prestar serviços (de informação, cultura, lazer, comunicação...) à sociedade. Mas, infelizmente, não é isso que acontece.
        Proponho nesta postagem a leitura de um artigo da Carta Maior como fonte de informações e posições alternativas à da grande mídia.

Vamos ao texto:

Regulação de conteúdo é prática corrente em países democráticos


        Ao contrário do que afirma uma parcela da grande imprensa brasileira, medidas de regulação do conteúdo veiculado na radiodifusão são consideradas necessárias para a garantia da pluralidade e o respeito aos direitos humanos, pilares de sociedades democráticas. Experiências apresentadas em seminário internacional revelam o quanto o Brasil está atrasado neste debate. "É uma escolha social promover a diversidade cultural para que não exista o monopólio da indústria cultural e a uniformização", disse Emmanuel Gabla, diretor adjunto do Conselho Superior de Audiovisual, da França. Bia Barbosa, de Brasília

        A história já está ficando repetitiva. Todas as vezes em que se fala de medidas para regular a veiculação de conteúdo audiovisual a reação de uma parcela da grande mídia é a mesma: o governo quer censurar a imprensa e a liberdade de expressão. O que ficou claro, no entanto, a partir de uma série de experiências reguladoras apresentadas no seminário “Comunicações eletrônicas e convergência de mídias”, encerrado nesta quarta (10) em Brasília, foi justamente o contrário. Especialistas da França, Inglaterra, Portugal, Espanha, Estados Unidos e Argentina e também de organismos como a Unesco e a União Européia reafirmaram a importância de regras para a exibição de conteúdos no rádio e na TV para a garantia da pluralidade e o respeito aos direitos humanos, pilares de sociedades democráticas.
        Não se trata, portanto, de censura, porque não há em vigor nesses países a idéia de aprovação prévia para veiculação de um determinado conteúdo. O que existe – sobretudo para os concessionários de rádio e TV, ou seja, o conteúdo jornalístico da mídia impressa e a internet não respondem a essas regulamentações – são regras para a promoção da pluralidade, diversidade, cultura nacional e regional, e imparcialidade jornalística; para a proteção das crianças e adolescentes, e da privacidade; para o combate ao chamado “discurso do ódio” e à injúria e difamação; e para a garantia do direito de resposta dos ouvintes e telespectadores.
        Coincidentemente, a grande maioria desses mecanismos está prevista na Constituição brasileira, mas até hoje não se tornou regras de fato aplicáveis justamente porque o setor da radiodifusão, com o apoio da mídia impressa, bloqueia o debate público sobre a questão, formando uma opinião pública contrária a essa visão na sociedade em geral e também em uma parte do Parlamento.
        Como todas as experiências fizeram questão de destacar, o princípio por trás dessas regras é justamente o da liberdade de expressão, que não é considerada um valor absolutista – e, portanto, tem limites – simplesmente porque não pode ser permitida apenas para alguns, tampouco para violar demais direitos.
        “A liberdade da expressão não pode ser usada para abusar da liberdade de outras pessoas. Incitar a violência contra outras pessoas, por exemplo, é algo que não pode existir nos meios de comunicação”, explicou Wijayananda Jayaweera, Diretor da Divisão de Desenvolvimento da Comunicação da Unesco. “O sistema regulatório existe para servir ao interesse público, e não necessariamente ao interesse dos radiodifusores. Deve garantir a pluralidade e promover a diversidade de idéias, de opiniões, de vozes numa sociedade”, acrescentou.
        “Nas democracias, há mais obrigações de conteúdo para a radiodifusão porque são empresas que estão usando um espaço público e porque o que veiculam tem um impacto muito grande. Por isso, questões como imparcialidade jornalística, discurso de ódio, proteção de crianças no rádio e na TV precisam estar previstas em leis que vão além da legislação geral”, afirmou o canadense Toby Mendel, consultor da Unesco. (...) (http://www.cartamaior.com.br/)
* grifo meu




3 comentários:

  1. Olá pessoal, Olá Profª,
    Gostei muito da postagem. Um tema muito legal e importante de ser discutido por todos nós. A comunicação é uma grande ferramenta de edificação da visão de realidade q temos. E também meio de formação da consciência de muitos cidadãos q são "manipulados" por informações selecionadas e combinadas q geram o resultado q determinado grupo, q detém o capital e os meios de comunicação, querem q pensemos sobre os fatos. "Quem tem a comunicação, tem o poder", poder de manipular e de formar teorias e conceitos para a sociedade. Os meios de comunicação atuais "massacram" a cultura de nossa sociedade, através da imposição de uma nova cultura, de uma forma de pensar sobre os fatos. Muitas vezes, nos vemos como sociedade sem cultura própria, sem identidade, sem “alma” e eternos escravos e dependentes de culturas impostas, culturas estrangeiras.
    Mas e agora? O q precisa que mudar? Creio que todos nós cidadãos precisamos, primeiro, ver a comunicação como um dos nossos direitos de ser humano. E não deixemos de utilizar nosso senso crítico ao ler e/ou ouvir qualquer notícia ou elemento que os meios de comunicação utilizam, para nos libertarmos das ideologias “dominadoras” utilizadas por eles. É uma utopia? Um sonho? Sim, mas é também motivo para “lutarmos” e ir em busca de melhores formas de comunicação social. É assim que se muda, tendo objetivos.
    Até mais galera!!! Bjs Profa. Parabéns, mais uma vez. Fui...

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  2. Carlos: esse assunto é mais sério e complexo do que se pensa, não é? “Quem tem a comunicação, tem o poder”. Portanto, esse poder tem que ser mais socializado, ou seja, distribuídos a grupos sociais, comunitários, trabalhistas, educacionais, etc., e não só a uns poucos grupos privilegiados que representam apenas a classe alta da sociedade e que há décadas vem usando e abusando dessa ferramenta tão essencial na democracia, que são os meios de comunicação. Como vc Tb falou, é preciso mais conscientização por parte da população.
    O fato é que nunca devemos perder a capacidade de indignarmos com as injustiças contra quem quer que seja...
    Beijinhos e volte sempre com seus valiosos e maravilhosos comentários.

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