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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Poema


Traduzir - se
(Ferreira Gullar )

Uma parte de mim
é todo mundo :
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
*
Uma parte de mim
é multidão :
outra parte
estranheza e solidão .
*
Uma parte de mim
pesa , pondera :
outra parte
delira .
*
Uma parte de mim
almoça e janta :
outra parte
se espanta .
*
Uma parte de mim
é permanente :
outra parte
se sabe de repente .
*
Uma parte de mim
é vertigem
outra parte,
linguagem.
*
Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão 
de vida ou morte -
será arte ?








quarta-feira, 14 de abril de 2010

O novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa

Olá!
Já se adaptaram ao acordo ortográfico da língua portuguesa que entrou em vigor em janeiro de 2009? Não??!!!
Não tem problema. Temos até o final de 2012 para adaptarmos.
Vamos relembrar: segundo especialistas (e/ou burocratas) o fato de existirem duas ortografias oficiais – uma europeia e outra brasileira – trazia dificuldades de natureza linguística e política, principalmente na redação de documentos internacionais e na publicação de obras de interesse público. Daí o acordo ortográfico, que vinha sendo debatido e negociado há anos e anos.
A maior resistência veio de Portugal que assinou o acordo já no final de 2008. Vale lembrar que lá (além de ser o país “colonizador”???) a porcentagem de mudança dos vocábulos chega a 1,5%. Enquanto no Brasil essa porcentagem é de 0,5%. Mas em Portugal o prazo para a adaptação é até 2014.
Além de Portugal e Brasil, os países que constituem a “comunidade lusófona” e assinaram o acordo foram: Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, e Timor-Leste. Vale lembrar que o acordo é “ortográfico”, portanto não implica mudança em qualquer outro aspecto da língua como vocabulário, construção gramatical, pronúncia. Em Portugal, por exemplo, fila continua sendo “bicha”, garota “rapariga”, pão alongado “cacete”, calcinha “cueca”, comer “morfar”, brigar “bulhar”, sair “abalar”, gare “estação”, celular “tele-móvel”, preservativo “durex” e por aí vai. Em relação à ortografia, em Portugal nada de adopção, afectivo, actual, exacto, óptimo.
. E aí? Já acostumaram escrever ideia, assembleia, plateia, colmeia, heroico, joia, jiboia, etc. voo, enjoo, perdoo, abençoo, leem, creem, veem, releem, etc. para (verbo), pelo (sub.) sem o acento?
. Lembram que o nosso alfabeto agora tem 26 letras? (+ k, w e y)
. E o trema? É fácil: Foi eliminado em todas as palavras portuguesas e aportuguesadas! (sequestro, tranquilo, etc. não têm mais aqueles dois pontinhos no ü).
E o hífen? Uma verdadeira “salada”: extra-oficial, extraordinário, afro-brasileiro, afrodescendente, paraquedas, para-lama, vai entender...
Mesmo depois da publicação do Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) pela Academia Brasileira de Letras, o acordo não se configura uma garantia de total unificação... Existem muitos “abacaxis”, “cascas de bananas” e muito mais. Mas, em momento algum devemos perder a LIBERDADE de falar e/ou a escrever a nossa língua materna.
Outra informação: Já se fala que o Brasil é o país mais adiantado em relação às mudanças feitas no acordo. Nos outros países as coisas andam devagar, devagarzinho; principalmente em Portugal onde as resistências continuam. É esperar para ver...
Eu, que gosto de humor, vou terminar essas “poucas linhas” com as palavras do José Simão publicadas em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo - 01/02/2009: “E duas novas regras do Acordo Ortográfico: “mocreia” perdeu o acento, mas continua feia. E jamais trema em cima da linguiça. Jamais! E véia não tem mais acento. E pra dar uma injeção na veia da véia? Injeção na veia da veia. E Dança do Créu tem acento? Tem que ter! Porque o fundamental no funk é ter acento!”

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Museu da Língua Portuguesa

Fiz minha visita semestral ao museu da língua portuguesa em 28/03/2010 para conferir a mais recente exposição:

MENAS
O certo do errado
O errado de certo.

“Entre brincadeiras, reflexões, frases de todo tipo e arte literária, MENAS propõe uma discussão que desafia nossas certezas, diluindo parte das fronteiras entre o culto e o popular. (...) Acontece, que entre letrados e não letrados, todos temos dúvidas. Todos cometemos “erros”.
Essas são algumas frases que vemos assim que chegamos no 1º andar do museu para conferir a amostra assinada pelos curadores Ataliba T. de Castilho e Eduardo Calbucci, duas grandes autoridades do Brasil quando o assunto é Língua Portuguesa. O título e a ideia de "Menas" são do secretário de Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad.
É uma ótima amostra para apreciarmos desarmados de todo e qualquer tipo de preconceito linguístico, vendo a linguagem, também, como um fator social.
O próprio título da exposição já nos provoca. Eu, em sala de aula já repeti inúmeras vezes: menas é uma palavra que não existe. Menos é um advérbio, portanto, invariável... Pois é! Mas existem muitas pessoas que falam menas aula, menas gente, menas prestações...
O museu, aberto ao público pela primeira vez em 21 de março de 2006 e que já é um dos museus mais visitados do Brasil, tem, entre outros, os seguintes objetivos: Aproximar o cidadão usuário de seu idioma, mostrando que ele é o verdadeiro “proprietário”e agente modificador da língua portuguesa e valorizar a diversidade Cultural Brasileira.
Como mencionei no início, no 1º andar ficam as exposições temporárias. Se não me falha a memória, a primeira foi sobre Guimarães Rosa, depois Clarice Lispector, Gilberto Freire, Cora Carolina, Machado de Assis, e agora eles optaram por temas linguísticos como a que temos atualmente que fica até 27/06/2010.
Os outros dois andares (2º e 3º) têm atrações belíssimas e são permanentes: Filmes sobre a origem da nossa língua, sobre festas, carnaval, religião e as diversas culturas brasileiras; apresentação de poesias na praça da língua, atividades interativas com computadores, informações diversas, etc.
Quando sobra tempo (e fôlego) é só atravessar a rua e dar uma passadinha na Pinacoteca. É só beleza!
E aí? Quem já foi ao museu? O que achou? Quem não foi, quando irá?!!! Não deixe de ir...
EM TEMPO: Fica na Estação da Luz, abre de 3ª a domingo, das 10h. às 18h. O ingresso custa R$ 6,00. Com carteirinha de estudante, R$ 3,00. Sábado a entrada é gratuita no museu e também na pinacoteca.