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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O vazio das praças da cidade


"A lição sabemos de cor / Só nos resta aprender" (Beto Guedes, compositor e músico)

Olá!

Ernesto Gonzalez
          Depois de trabalhar sobre o assunto, eu pedi que os meus alunos e alunas observassem o seu bairro e a sua cidade para produzir um Artigo de Opinião abordando o tema “O lugar onde vivo”.
          Um deles me mostrou um texto que ele compôs e musicou e disse:
- Professora, eu queria transformar essa música em um artigo de opinião. Pode?
- Pode! Claro que pode! Mãos à obra!
          E foi assim que nasceu esse lindo e poético Artigo de Opinião do meu aluno, cantor-compositor, Ernesto Gonzalez.
           Parabéns, Ernesto! Continue sendo um bom aluno, um cidadão pensante e participativo e, claro, continue produzindo bons textos, pois um compositor trabalha essencialmente com as palavras. E com as “sensações” - diria o nosso poeta maior, Alberto Caeiro.
Em tempo: Ernesto é um dos integrantes da Banda Enfols – Musician/Band. Muito boa a banda desses jovens! Recomendo! Enfols-Rock alternativo Contatos: 5511-96172-3119
5511-96330-2342

Membros da Banda Enfols
E agora vamos ao texto! Boa leitura!!!


O vazio das praças da cidade

O lugar onde vivo, tem muitas praças. Dentre elas, temos a Praça do Samba, referência histórica do nosso bairro, tendo em seu entorno restaurantes, comércios, residências, um sindicato e, no mesmo endereço, um dos lugares mais importantes das nossas vidas: a Nossa Escola. Atualmente, muitas pessoas consideram que algumas praças são problemas. Eu não vejo assim e não concordo com essa ideia.
É indiscutível que muitas dessas praças são usadas por moradores de rua que se abrigam lá ao brilho do luar, tentando se esconder da sociedade que durante o dia os excluiu de um contato mais próximo. São pessoas que não têm outro lugar para ficar e quase sempre são expulsas pela guarda municipal, à força. Mas, sempre no final da tarde ou, mais precisamente à noite, as praças tornam-se um refúgio de alguns jovens que correm da escola, de suas moradias ou de outros lugares da rua, para fazerem o uso de entorpecentes, bebidas alcoólicas e até para terem relações sexuais.
Da mesma forma que as pessoas conseguem passar sentimento para as outras apenas por estarem lá, as praças passam um sentimento também. Talvez um pouco triste e solitário, passando uma frieza sem fim. O vazio das praças, muitas vezes, preenche o vazio da alma das pessoas que se refugiam do resto da sociedade.
Sabemos que as praças sempre foram lugares onde as pessoas se encontravam para conversar, para fazer amizades, para se divertir. Entretanto, com o passar do tempo, principalmente nas metrópoles, os “shoppings” foram se expandindo em tamanho e quantidade, com suas luzes e vitrines contagiantes, atraindo os jovens e as famílias para o famigerado consumismo. Com o avanço das tecnologias, o advento das redes sociais, consequentemente os encontros pessoais e os bate-papos tornaram mais raros e as praças foram tendo outra conotação: refeitório, a praça de alimentação. Lá onde se troca o ar livre pelo ar-condicionado; a pipoca, o cachorro quente e o algodão-doce, pelo fast-food ou comidas requintadas; o cantar dos pássaros e o barulho do vento pelo sonoro eco do vai e vem da multidão.
E as praças? E a nossa Praça do Samba que outrora fora lugar de encontro de sambistas, o “Clube Amigos do Samba”? E tantas outras "praças do samba" existentes pelo Brasil afora? Sim. Porque como bem registrou o nosso grande músico, Dorival Caymmi, “Quem não gosta do samba bom sujeito não é”. O samba sempre foi a nossa identidade nacional e, ao que tudo indica, continua sendo. Já as nossas praças... Pedem socorro. E nós não podemos valorizar uma coisa em detrimento da outra. Do meu ponto de vista, os diversos espaços são importantes e devem ser valorizados.

Assim, a cada comunidade cabe o papel de reivindicar das autoridades competentes os devidos investimentos públicos na manutenção das nossas praças, nas políticas sociais, bem como a participação de toda a população, no sentido de manter e colaborar com essa manutenção e também na solidariedade e promoção do ser humano. Quem sabe assim acaba o vazio das praças da cidade e a frieza dos corações seja aquecida pelo calor humano.

Ernesto Gonzalez - Nº 11 - 3ª série G - Ensino Médio


sábado, 30 de janeiro de 2016

A poesia da Canção

"Decidir é romper. E, para isso, preciso correr o risco". (Paulo Freire)

           Até já fiz um sarau extraordinário (obrigada, alun@s de 2010) com esse tema: a poesia da canção. Música, para mim, é poesia em dobro. Temos a beleza da letra – quase sempre um belo poema – e da melodia! É pura poesia. Diversos estilos e ritmos, embalando e encantando sonhos, projetos, lutas, romances, enfim, vivendo e fazendo histórias. Quem não tem uma música que marcou, em sua vida, momentos de alegria de tristezas?... Qual país não tem uma música que marcou momentos de lutas da sua história? Quem não se lembra da criatividade dos artistas ao trabalhar a linguagem para despistar a ditadura, denunciando e anunciando uma nova realidade e motivando a luta?
          É bem verdade que muitas vezes fazem e, principalmente divulgam-se “batuques” e “blá-blá-blá” que não valem nada. A isso se dá outro nome; menos música. São “encomendas enlatadas” visando ao lucro, exploração e alienação das pessoas que, no comodismo do seu pensar, acabam “consumindo” tais “produtos”.
         Época de carnaval é propícia para isso. A mídia divulga e vira sucesso. E vende. E explora. E aliena. Geralmente é esquecida tal qual foi aprendida: de forma rápida. São passageiras e não duram mais que uns poucos meses.
        A música não. É apreciada e, muitas vezes passa de uma para outra geração. Quem não conhece alguma música, por exemplo, de Chico Buarque, Raul Seixas, Luís Gonzaga, Titãs? Só para citar alguns. Pode ser rock, sertaneja, MPM, rap, axé ou qualquer estilo, traz beleza e encanto aos nossos ouvidos e à nossa alma.
          E por falar em poesia, música, beleza, palavra... O rei da palavra é uma música que por vezes fica dias e dias entoando os meus pensamentos, e não me canso de ouvi-la. Leandro Léo foi muito feliz ao compor e interpretar essa música (e outras também). Perfeita! Aborda divinamente bem uma das mais usadas ferramentas da poesia e da vida: A PALAVRA.

O Rei da Palavra (Leandro Léo)

https://youtu.be/j83TAb1zKYM

Quantas palavras lindas e gordas
Vão se derramar em vão
Sem que se saiba para o que servem
Ou para onde vão
Para um brilhante colar de palavras
Que só faz pesar
Às vezes o rei da língua e da lábia
Tem que saber calar
Quantas palavras fortes e doídas
Vão se debruçar sobre alguém
Reabrindo velhas feridas
Que já cicatrizavam bem
Cheias de vã certezas
De tanta coesão
Às vezes até o rei da razão
Tem que saber calar
Pra não sair ferido esta é a condição
Saber ser mais ouvido é um dom
"Não, eu não disse isto"
Disse, e não tem volta
Às vezes até o rei da revolta
Tem que saber calar
Quantas palavras fortes e doídas
Vão se debruçar sobre alguém
Reabrindo velhas feridas
Que já cicatrizavam bem
Cheias de vã certezas
De tanta coesão
Às vezes até o rei da razão
Tem que saber calar
Pra não sair ferido esta é a condição
Saber ser mais ouvido é um dom
"Não, eu não disse isto"
Disse, e não tem volta
Às vezes até o rei da revolta
Tem que saber calar
Um líder frente à revolução
Tem que saber calar
Um Deus que assiste a evolução
Tem que saber calar
O verdadeiro rei da palavra Valoriza o som
Fala como quem já compreendeu

Que o silêncio é bom

Leandro Léo