Com a Campanha
da Fraternidade e a Jornada Mundial da Juventude (ambas lideradas pela Igreja
Católica), a juventude passa a ser o foco das discussões nesse ano de 2013.
A Campanha
da Fraternidade traz o tema “Fraternidade e Juventude” e o lema “Eis-me aqui,
envia-me” (Is 6,8)
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho, no Rio de Janeiro, certamente será um grande evento mundial e contará com a presença do novo
papa, uma vez que o atual, Bento XVI, renunciará seu
cargo em 28/02/2013.
Eu, que desde a minha juventude fui participante dos movimentos jovens, agora, com quase vinte anos atuando na educação em São Paulo,
convivo diariamente e diretamente com essa gente e sinto-me no dever de engajar nessa discussão. Vale lembrar que há uma diferença de gerações. Mas o intercâmbio diário faz com que aconteça uma troca de
aprendizagens, de maturidade e jovialidade muito significativa.
Existem os confrontos, os choques de ideias, de gostos
culturais, etc. Valho-me sempre de uma frase do grande mestre, Paulo Freire: O
educador deve estar à altura do seu tempo. Pensando nela, eu perdi o medo do
mouse, (com a ajuda dos meus alunos), quebrei paradigmas e mergulho na
investigação sobre o universo juvenil para fazer uma integração saudável com essa “galera”.
Mas os desafios são muitos e grandes! Enormes! E é uma busca
diária para enfrentar e vencer esses desafios. A alienação, o consumismo, a
perda de valores éticos e morais, a falta de hábito e gosto pela leitura, a
descrença na sociedade, drogas, a desestruturação familiar, são alguns dos muitos
desafios que enfrentamos ao lidar com os jovens em sala de aula e no ambiente
escolar.
Nessa
caminhada, felizmente, uma lista interminável de jovens
fizeram e fazem história, abrem horizontes, superam desafios a cada dia, “acorda”
para a vida e atua de forma adequada na sociedade. A todos
eu agradeço de coração, pois isso é a nossa recompensa e a grande fonte de
energia para continuar acreditando que um novo mundo é possível.
Desejo que
os jovens acolham e participam dos debates propostos em 2013.
E eu, a cada
ano, ao deparar com novas turmas, ao sentir e abraçar o desafio de trabalharmos
juntos, sempre penso na pergunta que Cecília Meireles faz no final do poema “Estudantes”:
"(...)
As estudantes falam com gestos
delicados,
com atitudes de estátua,
enleadas em pulseiras,
e nas mãos, com ideogramas de dança,
levantam
cadernos, esquadros,
num
bailado novo:
e medem a
vida
e
descrevem o universo.
Que mundo
construirão?"
*****
Deixo
aqui um bonito poema do meu queridíssimo ex-aluno, Carlos Henrique, falando do jovem hoje:
PRÉ - CONCEITO
Um ficar,
Dois "bagunçar",
Três piercings,
Quatro tatuagens,
Cinco malandragens,
Seis maluquices,
Sete vandalismos;
Será que é só isso?
Estamos na política,
Na educação,
Na saúde,
Na contramão...
Sofrendo o preconceito
Da generalização
Da imagem
Do jovem desta geração.
Temos quase tudo.
Mas falta o importante!
Impacto causamos,
A atenção chamamos,
Queremos nosso espaço;
Queremos igualdade,
Queremos de verdade
Ser jovens cidadãos.
Carlos Henrique 2010*
*Carlos Henrique: Estudante
de filosofia (PUC-Campinas), um dos vencedores do prêmio “Ser Autor” (SEE-SP –
2010), com poema publicado no Jornal Mundo Jovem- PUC/RS