No início
de março, quando ainda não se tinha a menor ideia de quem seria o próximo “Pedro de
Roma” (o novo papa), os cardeais, que seriam eleitores do papa, receberam de d. Pedro Casaldáliga,
bispo emérito de São Felix do Araguaia – MT, um belíssimo poema que foi anexo ao
manifesto assinado por dois mil teólogos da libertação, dentre eles, o próprio d. Pedro.
Consta
que isso aconteceu pela primeira vez na história da Igreja Católica. O poema
foi enviado também ao papa emérito Bento XVI.
Defensor
dos índios e dos direitos humanos, dom Pedro Casaldáliga, disse ao Jornal “O
Globo”, nesta quinta-feira que foi um respiro para a Igreja Católica a
eleição do argentino Jorge Mario Bergoglio, um jesuíta, como novo chefe da
cúria romana. Para ele, que sempre defendeu uma Igreja pobre voltada para o
povo, o nome Francisco é mais que um nome. Casaldáliga espera que o
novo Papa adote medidas importantes. Ele elogiou a simplicidade do sucessor de
Bento XVI, o espírito evangelizador e o simbolismo do primeiro gesto ao se
inclinar diante do povo, que o aguardava na Praça de São Pedro, em Roma. “Ele
pediu primeiro para o povo abençoar a ele, para depois abençoar o povo. É um
estilo diferente”, disse.
“Eu temia
outro (Papa). A escolha significa mudança na pessoa do Papa. Evidentemente, o
Papa sozinho não é a Igreja, mas é responsabilidade de todos”, disse
Casaldáliga, por telefone.
Essa
blogueira aqui concorda com Casaldáliga e espera que o "Pedro de Roma" ouça a súplica de "Pedro do Araguaia". Oxalá! Francisco começou muito bem!
*****
DE PEDRO DO ARAGUAIA PARA O PEDRO DE ROMA:
“Deixa a Cúria, Pedro”
Deixa a Cúria, Pedro,
desmonta o sinedrio e as muralhas,
ordene que todos os pergaminhos impecáveis sejam alterados
pelas palavras de vida, temor.
Vamos ao jardim das plantações de banana,
revestidos e de noite, a qualquer risco,
que ali o Mestre sua o sangue dos pobres.
A túnica/roupa é essa humilde carne desfigurada,
tantos gritos de crianças sem resposta,
e memória bordada dos mortos anônimos.
Legião de mercenários assediam a fronteira da aurora nascente
e César os abençoa a partir da sua arrogância.
Na bacia arrumada, Pilatos se lava, legalista e covarde.
O povo é apenas um “resto”,
um resto de esperança.
Não O deixe só entre os guardas e príncipes.
É hora de suar com a Sua agonia,
é hora de beber o cálice dos pobres
e erguer a Cruz, nua de certezas,
e quebrar a construção – lei e selo – do túmulo romano,
e amanhecer
a Páscoa.
Diga-lhes, diga-nos a todos
que segue em vigor inabalável,
a gruta de Belém,
as bem-aventuranças
e o julgamento do amor em alimento.
Não te conturbes mais!
Como você O ama,
ame a nós,
simplesmente,
de igual a igual, irmão.
Dá-nos, com seus sorrisos, suas novas lágrimas,
o peixe da alegria,
o pão da palavra,
as rosas das brasas…
… a clareza do horizonte livre,
o mar da Galileia, ecumenicamente, aberto para o mundo.
“Deixa a Cúria, Pedro”
Deixa a Cúria, Pedro,
desmonta o sinedrio e as muralhas,
ordene que todos os pergaminhos impecáveis sejam alterados
pelas palavras de vida, temor.
Vamos ao jardim das plantações de banana,
revestidos e de noite, a qualquer risco,
que ali o Mestre sua o sangue dos pobres.
A túnica/roupa é essa humilde carne desfigurada,
tantos gritos de crianças sem resposta,
e memória bordada dos mortos anônimos.
Legião de mercenários assediam a fronteira da aurora nascente
e César os abençoa a partir da sua arrogância.
Na bacia arrumada, Pilatos se lava, legalista e covarde.
O povo é apenas um “resto”,
um resto de esperança.
Não O deixe só entre os guardas e príncipes.
É hora de suar com a Sua agonia,
é hora de beber o cálice dos pobres
e erguer a Cruz, nua de certezas,
e quebrar a construção – lei e selo – do túmulo romano,
e amanhecer
a Páscoa.
Diga-lhes, diga-nos a todos
que segue em vigor inabalável,
a gruta de Belém,
as bem-aventuranças
e o julgamento do amor em alimento.
Não te conturbes mais!
Como você O ama,
ame a nós,
simplesmente,
de igual a igual, irmão.
Dá-nos, com seus sorrisos, suas novas lágrimas,
o peixe da alegria,
o pão da palavra,
as rosas das brasas…
… a clareza do horizonte livre,
o mar da Galileia, ecumenicamente, aberto para o mundo.