Seja bem vindo (a)!

Sejam bem-vindos (as)! Vamos criar interrogações, incentivar a leitura, instigar o pensar, espalhar sementes...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Poema

“Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino” (Paulo Freire)


Muito se discute sobre a criação artística. Sobre os poetas, a poesia... Diz-se que, de qualquer forma, o artista transforma-se num criador de mundos, de sonhos, de ilusões, de verdades. Picasso afirmava sempre que “a Arte é uma mentira que revela a verdade”. Veremos o que diz Vinícius de Moraes e Fernando Pessoa sobre a poesia. É a função metalinguística da linguagem: a poesia falando sobre a própria poesia.


 A UM PASSARINHO
(Vinícius de Moraes)

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!
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AUTOPSICOGRAFIA
(Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.



                                                         
                                                         

                                                         
                                                  
                                                 

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vidas Secas


“Mas ninguém tem a licença de fazer medo nos outros, ninguém tenha. O maior direito que é meu - o que quero e sobrequero -  : é que ninguém tem o direito de fazer medo em mim!” (Guimarães Rosa – Grande Sertão: veredas)

Olá!
Estou aqui de novo, com o mesmo carinho de sempre, para o nosso encontro semanal no Mire e Veja Travessia. E hoje recomendarei uma obra clássica da literatura brasileira: Vidas Secas de Graciliano Ramos.  A obra aborda o sertanejo nordestino humilhado pelas secas e pelos homens, onde as condições subumanas nivelam animais e pessoas. Temos personagens que giram em círculo, procurando subsistência e que terminam emigrando para o Sul, como milhões de Nordestinos. Todas as personagens são indefesas e estão sujeitas à agressividade dos outros, do patrão ou do poder público.
Aproveito agora que Vidas Secas é o tema das nossas aulas, onde introduzimos o assunto com a Música “Último Pau de Arara”, estamos assistindo ao filme (foto) adaptação da obra e vamos abordar a segunda fase do Modernismo brasileiro e as diversas variedades linguísticas, para deixar um recado: É um momento apropriado para ler o livro que é explorado em vários vestibulares do país, na FUVEST e também no Enem, e ainda nos proporciona um conhecimento sobre o tema, ampliando a nossa visão cultural, social e política. É uma ótima indicação de leitura não só para estudantes, mas para todas as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ler o livro.
Graciliano Ramos, assim como vários escritores da “década de 30” e de outros tempos, foi atuante na sociedade de sua época e fez da  literatura uma espécie de denúncia social. Para ele “é preciso conhecer a realidade para transformá-la”. E para conhecer ainda mais esta temática, nada melhor do que um texto de um grande poeta lá da região do Cariri (Ceará): Patativa do Assaré. O poema foi musicado por Luiz Gonzaga. Como cidadã, educadora e cristã, considero ser nosso papel conhecer e continuar transformando a nossa sociedade. Vamos ao poema:

A TRISTE PARTIDA

Setembro passou, outubro e novembro
Já tamo em dezembro,
Meu Deus, o que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.
*
A treze do mês, ele fez a experiênça,
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra,
Pensando na barra do alegre Natal.
*
Rompeu-se o Natal, porém barra não veio,
O sol, bem vermeio,
Nasceu muito além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.
*
Sem chuva na terra descamba janeiro,
Depois fevereiro,
E o mesmo verão
Entonce o nortista pensando consigo,
Diz: “isso é castigo!
Não chove mais não!”
*
Apela pra março, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Sinhô São José.
Mas nada de chuva! Tá tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.
*
Agora pensando ele segue outra tria,
Chamando a famia
Começa a dizer:
“Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nois vamo a São Paulo
Viver ou morrer.
*
Nois vamo a São Paulo, que a coisa tá feia;
Por terras alheia
Nois vamo vagar.
Se o nosso destino não for tão mesquinho,
Aí pro mêrmo cantinho
Nois torna voltar”.
*
E vende seu burro, jumento e o cavalo,
Inté mesmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendeiro,
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem.
*
Em um caminhão ele joga a famia
Chegou o triste dia,
Já vai viajar.
A seca terrivi, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natal.
*
O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lar,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
“Adeus, meu lugar!”
*
No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a correr,
Tão triste, coitado, falando saudoso,
Com seu filho choroso
Escrama, a dizer:
*
- De pena e saudade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comer?
Já outro pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrer!
*
E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé de fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.
*
E assim vão deixando, com choro e gemido,
O berço querido
O céu lindo e azul.
O pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Sul.
*
Chegaram em São Paulo - sem cobre, quebrado.
E o pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, de estranha gente,
Tudo é diferente
Do caro torrão.
*
Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre nos prano
De um dia vortar
Mas nunca ele pode, só vive devendo,
E assim vai sofrendo
É sofrer sem parar.
*
Se alguma notiça das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de ouvir,
Lhe bate no peito saudade de móio,
E as água nos óio
Começa a cair.
*
Do mundo afastado, ali vive preso
Sofrendo desprezo
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia e vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!
*
Distante da terra, tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Viver como escravo
No Norte e no Sul.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Amor

"Não tenho um caminho novo. O que eu tenho é um novo jeito de caminhar" (Thiago de Melo)

Na semana de 07 a 11/06, em todas as classes do Ensino Médio, foi desenvolvido o “Projeto Sexualidade”. Filmes, debates, reflexões, correio elegante, a história do dia dos namorados, o consumismo envolvendo a data e várias outras coisas foram feitas para refletir sobre o tema do projeto que encerrou com um “baile” na 6ª feira. Trabalhei um texto da psicóloga Bianca S. Stock  (mestranda em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS) “Carinhos e carícias nas relações afetivas”. Depois desse trabalho, li um texto do Carlos Drummond, e, atendendo ao pedido do 3ª A e de outros alunos/as publico-o hoje aqui no blog para que todos possam ler.

Amor
Carlos Drummond de Andrade

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza de que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção de que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.

Alunos e Alunas

 NESSA "PASTA" DEIXO ALGUMAS DICAS E/OU RECADOS PARA ALUNOS(AS). BJS


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11/03/2017: Atualizando a lista dos livros cobrados na FUVEST nos anos de 2017, 2018 e 2019 para os meus queridos alunos e alunas dos 3ºs anos e para os leitores e leitoras do Mire e Veja. Beijos, boa leitura e boa sorte!!!

LISTA DE OBRAS DE LEITURA OBRIGATÓRIA PARA O FUVEST 2017 / 2018 / 2019

FUVEST 2017
 Iracema - José de Alencar;
 Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
 O cortiço - Aluísio Azevedo;
 A cidade e as serras - Eça de Queirós;
 Capitães da Areia - Jorge Amado;
 Vidas secas - Graciliano Ramos;
 Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
 Sagarana - João Guimarães Rosa;
 Mayombe - Pepetela.
FUVEST 2018
 Iracema - José de Alencar;
 Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
 O cortiço - Aluísio Azevedo;
 A cidade e as serras - Eça de Queirós;
 Vidas secas - Graciliano Ramos;
 Minha vida de menina - Helena Morley;
 Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
 Sagarana - João Guimarães Rosa;
 Mayombe - Pepetela.
FUVEST 2019
 Iracema - José de Alencar;
 Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis;
 A relíquia - Eça de Queirós;
 O cortiço - Aluísio Azevedo;
 Vidas secas - Graciliano Ramos;
 Minha vida de menina - Helena Morley;
 Claro enigma - Carlos Drummond de Andrade;
 Sagarana - João Guimarães Rosa;
 Mayombe - Pepetela.

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As cinco competências avaliadas na prova de redação do ENEM:

I – Demonstrar o domínio da norma padrão da língua escrita.
II – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver um tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
III – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
V – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito às diversidades culturais, sociais e aos direitos humanos.


A redação avalia se a pessoa está envolvida com o mundo em que vive, se tem hábito de reflexão, sensibilidade social e ética, se usa a linguagem para fazer-se entender. Registrei acima as competências avaliadas na prova de redação do ENEM. Cada habilidade vale uma nota de um a cem, que depois são somadas e divididas por cinco. Redações que fogem ao tema e tipo de texto pedido são anuladas. Copiar textos da folha de proposta, também ganha zero. Vale lembrar que as redações do SARESP e também as nossas redações escolares no Ensino Médio são avaliadas dentro dessas competências e habilidades.

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LISTA UNIFICADA DE LIVROS DO VESTIBULAR 2013 DA FUVEST E DA UNICAMP

 LIVROS QUE ENTRARAM NA LISTA
 “Viagens na minha terra" - Almeida Garrett
"Til" - José de Alencar
"Memórias póstumas de Brás Cubas" - Machado de Assis
“Sentimento do mundo" - Carlos Drummond de Andrade

 LIVROS QUE CONTINUAM NA LISTA
 “Memórias de um sargento de milícias" - Manuel Antônio de Almeida
"O cortiço" - Aluísio Azevedo
 "A cidade e as serras" - Eça de Queirós
"Vidas secas" - Graciliano Ramos
"Capitães da areia" - Jorge Amado
(25/02/2012)





DICAS:
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ENEM (preparando para a prova)
O Enem explora as diversas formas de linguagens como charges, tiras, gráficos, os diversos gêneros textuais, as variedades linguísticas, músicas, poemas, artes visuais, etc.
Avalia habilidades e competências diversas, sendo as principais delas: habilidade de leitura, interpretação, raciocínio e escrita (no caso da redação), não prioriza conteúdo, e evita cobrar o que se costuma chamar de “decoreba”. A prova é contextualizada, porém dividida em quatro áreas.
Na área de Linguagens, na disciplina de Língua Portuguesa, recomendo revisar:
• Funções da linguagem
• Figuras de Linguagem (nesta ordem: metáfora, antítese (e/ou paradoxo, oximoro), hipérbole,........... e as demais se der tempo.
• Denotação/Conotação (saber usá-las nos contexto variados)
• Variedades linguísticas
...E Treinar a habilidade de leitura (gêneros textuais diversos) e escrita (texto dissertativo-argumentativo)
(se eu lembrar mais alguma coisa, acrescentarei depois).
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FUVEST (preparando para a prova)
Língua Portuguesa e Literatura: Costuma ter entre 15 e 16 questões  na mesma“linha” do Enem:
• Predomínio de análise de texto
• Perguntas contextualizadas
• São usados textos de vários gêneros (crônicas, charges, tirinhas, poemas, publicidade)
• Gramática aparece apenas como pano de fundo
• Em literatura, caem questões sobre as obras literárias obrigatórias.

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ARMADILHAS
Sete erros que podem prejudicar a escolha da profissão

1. Deixar-se levar pelos pais e amigos
Consultar os outros é bom, mas a escolha é do estudante

2. Fazer associações simplistas
Para fazer veterinária, não basta só gostar de animais

3. Deixar de procurar informações
Internet é um meio para conhecer cursos e profissões

4. Ter baixa autoestima e depressão
Prejudicam decisões

5. Seguir a carreira da moda
Escolher profissão só porque está em alta ou tem fama de render bons salários não vale a pena

6. Encantar-se por instituições
Não escolha uma faculdade que visitou só porque viu um laboratório bonito

7. Ouvir apenas um profissional da área
Excesso de otimismo ou pessimismo pode influenciar para uma decisão errada

Fontes: Heloísa Yoshida, Marcos Vono, Maria Stella Sampaio Leite e Rosane Levenfus, especialistas em orientação profissional.
Publicado no Jornal Folha de S. Paulo (Fovest) – 28/07/2010.
(25/08/2010)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Intertextualidade

“- Pois não é? Só quando se tem rio fundo, ou cava de buraco, é que a gente por riba põe ponte...” (Guimarães Rosa – Grande Sertão: veredas)


Olá!

Quem já leu, viu ou ouviu algo e teve a impressão de já ter lido, visto ou ouvido coisa parecida antes? Às vezes não é só impressão. Os textos “dialogam”, se “encontram”. A este fato, damos o nome de intertextualidade. Graham Allen escreveu: “A intertextualidade surge para nos lembrar da verdade chocante de que o que dissermos e pensarmos sempre já foi dito e pensado”. Adélia Prado, no seu poema A invenção de um modo também constatou: “(...) tudo que invento já foi dito/nos dois livros que li:/as escrituras de Deus,/as escrituras de João./Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.” Referindo-se à Bíblia e ao livro Grande Sertão: veredas de Guimarães Rosa, respectivamente.
Os autores se apropriam, por meio de colagens, paródias, paráfrases, citações, reestruturações, etc., de outros textos construídos em outras épocas ou em outros lugares. E assim constroem outros textos e, muitas vezes, outras significações... E isso vale também para o texto não-verbal como as pinturas, por exemplo, (vide ilustrações acima). A intertextualidade (relação entre dois textos em que um cita o outro) é bastante explorada nos vestibulares, Enem, nas salas de aulas, na vida... Vamos agora a um exemplo clássico: O trecho da carta de São Paulo aos coríntios - capítulo 13 – (escrito por volta do ano 55), o soneto de Camões (publicado em 1595) e a música Monte Castelo de Renato Russo, interpretada  pela banda Legião Urbana (1989). O tema é o amor, um sentimento universal e atemporal.

Texto 1 – Trechos da Carta de São Paulo aos coríntios
“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. (...) O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. (...) Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado. (...) Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.”

Texto 2 – Soneto de Luís Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence o vencedor;
é ter, com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Texto 3 – Música Monte Castelo de Legião Urbana


Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.
É um querer mais que bem-querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte.
Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Versos

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.” (Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas)




Àquela famosa pergunta “o que as mães não fazem pelos filhos?” eu acrescentaria: “E pelos professores dos seus filhos?”
Resposta: até poesia! E muito mais. Eles merecem!
No ano passado fiz esta poesia para homenagear o professor do meu filho, no seu aniversário. Como vocês verão, o eu-lírico são as crianças da classe que declamaram para ele. Hoje compartilho com vocês os meus singelos versos. Vejam:


Árvores balançam lá fora
Pássaros voam alegres a cantar
Fazem coro à nossa classe
Que hoje quer homenagear
Nosso querido professor
A quem sempre vamos amar.

Ele é nosso grande mestre
Faz versos, conta histórias de encantar...
Ensina ler, escrever, fazer contas,
E aos colegas respeitar
Com amor, sabedoria e carinho
Acolhe a tarefa de nos educar.

Com você, professor, aprendemos
Que a humildade, o amor e o bem
O respeito ao ser humano e à natureza
Enobrece a alma também.
Enfrentar e vencer desafios
São valores que a todos convém.

Agora fazemos um grande pedido
Ao querido Papai do céu
E também ao nosso protetor
O Arcanjo Micael
Dê saúde, alegria, paz, sabedoria
E muitas bênçãos ao professor Daniel.