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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Prêmio ser autor

“Desde o começo, na prática democrática e crítica, a leitura do mundo e a leitura da palavra estão dinamicamente juntas” (Paulo Freire – A importância do ato de ler)



        Hoje quero compartilhar um momento de grande alegria e emoção. Fui à Bienal acompanhar meus dois ilustres alunos poetas, Carlos Henrique e Emerson, juntamente com o Valter, diretor da nossa Escola. No primeiro dia acompanhamos os dois, mais 18 alunos e, no segundo dia somente os dois, para a “manhã de autógrafos na Bienal”.
     O poema deles foi selecionado no concurso 1º Prêmio “Ser autor”, promovido pela Secretaria Estadual da Educação (SEE), em parceria com a Câmara Brasileira do Livro (organizadora da Bienal Internacional do Livro de São Paulo). Já temos o livro em mãos e em breve chegarão os exemplares para a biblioteca da escola onde todos poderão ler.
     O tema foi o “O Luar” e cada dupla deveria inspirar-se nas obras de Vinícius de Moraes, ou de Carlos Drummond de Andrade, ou de Adélia Prado. Carlos e Emerson escolheram Carlos Drummond, e escreveram “Além do Luar”, um belíssimo poema que faz uma analogia luar-professor, na sua missão de iluminar, “abrir caminhos”. Tive o privilégio e a alegria imensa de ser a Professora orientadora do projeto que envolveu outras duplas de alunos e alunas.
     Ver os meus alunos, Carlos e Emerson, na Bienal, autografando livros no stand da Secretaria Estadual de Educação (vide fotos abaixo), é simplesmente indescritível. Descobri que, além de “mãe-coruja”, sou também “professora-coruja”. Fazer o quê? Preciso assumir os meus sentimentos e vivê-los.
     Sempre tive a convicção de que uma das maiores virtudes de um professor(a) é acreditar no potencial dos seus alunos e alunas. Desejo, sinceramente, que isso sirva de exemplo, pois todos os nossos alunos e alunas têm suas potencialidades e nós professores somos testemunhas disso. Temos inúmeras histórias bonitas para contar, vividas ao longo dos anos. Falta, porém, em muitos alunos e alunas, o “despertar”, o “acreditar” e o “trabalhar” para desenvolver o seu potencial, as suas habilidades. Contem conosco.
     Carlos e Emerson: Aqui ficam registradas as palavras, as fotos... Mas o registro maior fica no meu coração. Não só desse dia, mas do processo, da caminhada, da travessia. Que Deus ilumine o caminho de vocês. Continuem gostando de escrever poesias, de ler poesias, dos poetas, de Adélia, de Vinícius, de Pessoa, de Drummond..., pois como disse Martin Heidegger, filósofo alemão, “a poesia é a fundação do ser pela palavra”. Sejam felizes, sempre preservando os valores adquiridos que fazem de vocês pessoas tão especiais para todos que com vocês convivem. Obrigada pelo carinho, pela amizade, pela confiança. Isso alimenta o meu sonho, a minha utopia de um mundo mais humano e mais feliz, condições indispensáveis para que nós, professores, possamos superar todas as barreiras impostas à tarefa de educar e mantermos a nossa crença na educação, no ser humano, na vida, no AMANHÃ...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Preconceito linguístico - o que é, como se faz

“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando... (Clarice Lispector: 1920-1977 – escritora)


          
           Discutem-se constantemente sobre os diversos preconceitos existentes na sociedade, mas pouco ou nada se fala sobre o preconceito linguístico, que tanto quanto os demais fazem vítimas constantemente. Afinal, todo preconceito leva à discriminação e pode atingir proporções dramáticas.
          Muitas pessoas desqualificam e até desconsideram as expressões regionalistas, a linguagem coloquial e até os sotaques diferentes. E quando se trata de linguagem, trata-se de pessoas, da questão da cidadania e dos direitos humanos, da liberdade de comunicação e expressão. Afinal, “só existe língua se houver seres humanos que a falem”. Millôr Fernandes diz: “Nenhuma língua morreu por falta de gramáticos. Algumas estagnaram por ausência de escritores. Nenhuma sobreviveu sem povo”.
           No âmbito escolar, a publicação de documentos oficiais como os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), por exemplo, vieram de encontro à constatação desse e de outros fatores, trazendo várias mudanças na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) criado em 1998 vem dando uma contribuição significativa nesse sentido, mostrando e valorizando a diversidade linguística num país grande e diverso como o Brasil.
           Diante disso, creio que todos têm um papel importante. E os professores de Língua Portuguesa, mais ainda: precisamos assumir uma nova postura, um novo olhar frente ao ensino da língua materna, derrubar mitos, mudar paradigmas, sair do tradicional, adotar novas terminologias e ler muito.
            Os PCNs reconhecem que um dos papeis da disciplina é ensinar e/ou aperfeiçoar a linguagem padrão (ou culta), mas conhecendo, considerando e respeitando as outras variedades linguísticas, priorizando a leitura e a produção de textos para que o aluno desenvolva o pensar, faça uso legítimo da comunicação, dos diversos gêneros textuais, com eficácia e liberdade, nos vários contextos e práticas sociais. E não mais priorizando regras gramaticais.
           Muitos linguistas afirmam que, ao confundir língua com gramática, muitos alunos, ano após ano, mostram-se desanimados, sem gostar da matéria, dizendo não saber português. Inclusive alunos e alunas com excelente capacidade e habilidade de comunicação oral e escrita. Isso é fato. Sabemos que o domínio da linguagem padrão, ao final do Ensino Médio, precisa melhorar. Temos muito caminho a percorrer. Por outro lado, aumentar a auto-estima dos alunos, das pessoas em geral, mostrando que nós somos senhores da nossa língua materna, também é fundamental.
           Como o assunto é longo, polêmico, inesgotável, falarei mais noutra oportunidade. Deixo aqui a recomendação da leitura de um livro que vem tornando-se leitura “obrigatória” para estudantes de Letras e professores de Língua Portuguesa, com mais de 180.000 exemplares vendidos: PRECONCEITO LINGUÍSTICO o que é, como se faz - Marcos Bagno - Edições Loyola. A linguagem é fácil, convidativa, e qualquer pessoa interessada no assunto pode e deve ler.
            Uma curiosidade: Na capa do livro, tem a foto do sogro, sogra e cunhado de Marcos Bagno*. E na contracapa da 50ª edição, as mesmas pessoas, trinta anos depois da primeira foto. E ele justifica: “Como este é um livro que trata da discriminação e exclusão, decidi homenagear meus sogros, que são, como costumo dizer, um “prato cheio” para alguns dos preconceitos mais vigorosos da nossa sociedade: negros, nordestinos, pobres, analfabetos.” E mais na frente continua: (...)“ É com este amor que me defendo das acusações que às vezes recebo de ser autor de um livro “demagógico”. Não é demagogia: é opção consciente, política, declaradamente parcial.”


*Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília, é doutor em Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, poeta, tradutor e contista premiado. Tem diversos livros dedicados ao público infantil e juvenil, alguns dos quais considerados “Altamente Recomendáveis” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Trabalhou no MEC, na assessoria da equipe de análise de livros didáticos de Língua Portuguesa e Literatura.



P S: Não esqueçam! Não Percam! 21ª Bienal Internacional do Livro.
12 a 22 de agosto - Pavilhão de Exposições Anhembi - São Paulo.
A nossa escola, mais do nunca, marcará presença neste ano, com todo amor, alegria, orgulho, carinho e emoção.
Depois  falarei sobre isso aqui no Mire e Veja Travessia. Beijos a todos e todas!


"Literatura é também coisa do povo, com suas lendas, provérbios, canções - e a língua, o arado com que ele lavra  suas sentenças cotidianas, suas frases humildes." (Celso Pedro Luft - Língua e liberdade, página 28)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Redação

“Aprendemos o que desejamos aprender. É o desejo que desperta em nós a inteligência” (Rubem Alves, escritor)


As cinco competências avaliadas na prova de redação do ENEM:

I – Demonstrar o domínio da norma padrão da língua escrita.
II – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver um tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
III – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
V – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito às diversidades culturais, sociais e aos direitos humanos.

A redação avalia se a pessoa está envolvida com o mundo em que vive, se tem hábito de reflexão, sensibilidade social e ética, se usa a linguagem para fazer-se entender. Registrei acima as competências avaliadas na prova de redação do ENEM. Cada habilidade vale uma nota de um a cem, que depois são somadas e divididas por cinco. Redações que fogem ao tema e tipo de texto pedidos são anuladas. Copiar textos da folha de proposta, também ganha zero. Vale lembrar que as redações do SARESP, SAG e também as nossas redações escolares no Ensino Médio são avaliadas dentro dessas competênicas e habilidades. (Vejam outras informações nos MARCADORES - Comunicados para alunos/as).

Larissa Lima  Meira
Também tivemos a redação do SAG – 2º bimestre e aproveito para mostrar mais um texto dos meus alunos. Desta vez veremos a redação da Larissa. Obrigada, Larissa, por permitir compartilhar a sua redação aqui no Mire e Veja Travessia.

Tema: Migração no Brasil, – passado e presente – como resolver esse problema?

Redação:

Vencer em sua terra natal

           A migração no Brasil vem de muito longe. Só que os tempos mudaram: as pessoas vinham para o Sudeste com o “olhar” de vida nova. Muitas pessoas deixaram sua família na terra natal e viajaram em busca de melhorias financeiras.
          Mas, muitas vezes chegavam e enxergavam o quanto as coisas eram difíceis. Muitos passaram fome, foram humilhados, trabalharam nas fábricas, indústrias e construção, mas mesmo assim venceram as dificuldades e continuaram morando na cidade; outros voltaram imediatamente à sua terra.
          Atualmente o fluxo de migração diminuiu muito, pois o crescimento e o avanço começaram a chegar às pequenas cidades do Brasil e até no meio rural. No passado o Nordeste não oferecia oportunidades. O estudo é um bom exemplo: o ensino do Nordeste vem melhorando conforme o tempo e também o governo vem “ajudando” as famílias humildes que às vezes não ganham nem um salário mínimo.
          Antes, também, havia a ilusão de que ir para o Sudeste era a solução de todos os problemas e isso enchia o coração do povo de esperança. Mas como se pode sair de um lugar se esse lugar não sai de você? É isso que acontece com muitas pessoas que não conseguem se acostumar com a vida diferente e agitada das cidades e acabam voltando à sua terra de origem.
          Os governos devem continuar investindo nas pequenas cidades e no campo, para que daqui a um tempo, todos possam morar em sua terra natal, com sua família, sua cultura e com todos os seus direitos. Isso é bom para todos e é bom para o Brasil.

LARISSA LIMA MEIRA Nº 24 – 3º C