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sábado, 24 de novembro de 2012

Não sei quantas almas tenho

"Todo silêncio é música em estado de gravidez" (Mia Couto, escritor moçambicano).


Não sei quantas almas tenho

Fernando Pessoa 

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
 
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
 
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:  "Fui  eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
                                                               

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

À Margem

“Quando alimentei os pobres chamaram-me santo, mas quando perguntei por que há gente pobre chamaram-me comunista” (Dom Hélder Pessoa Câmara)


Olá!
Quanta saudade deste espaço! Vejo, pelo contador de visitas, que não foram poucas as visitas (ou garimpagem) ao meu blog.  Obrigada! Estou de volta com aquele carinho de sempre que vocês já conhecem!
Estive envolvida num sonho, numa campanha eleitoral em minha cidade natal, via internet, mas...

Carlos Drummond
 (...)
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?" (Carlos Drummond de Andrade)
Subestimamos a “Força da grana que ergue e destrói coisas belas”...
Agora resta aguardar o que farão as autoridades jurídicas diante de tantas denúncias de compra de votos, coibições, falsas promessas, centenas de transferências irregulares de títulos eleitorais, altos investimentos financeiros, inclusive de pessoas de outras cidades, e tantas atrocidades que nos deixam  estarrecidos! Com 94 votos de diferença, perdemos o sonho de consolidar a democracia e justiça em Brotas de Macaúbas- BA, uma “Cidadezinha Qualquer”, como diria Carlos Drummond de Andrade, mas que tanto amamos!
        A  população, indignada, clama por JUSTIÇA e PAZ! Diz que “justiça” acontece em qualquer lugar, menos lá. Acha até que deve ter algum “poderoso” ou “poderosa” nas instâncias judiciais da Bahia para “proteger” grupos políticos da cidade, ou mesmo algum poder “sobrenatural” do mal. (Riobaldo, meu personagem preferido da Literatura Brasileira... S.O.S.!)   Mas, gente! - digo eu - “não diga que a vitória está perdida”; “tenha fé em Deus tenha fé na vida”...

Carlos Henrique

 E, para aquecer esse nosso reencontro aqui no Mire e Veja Travessia, deixo um poema do meu querido ex-aluno, parceiro meu em muitas empreitadas de sucesso, e que vocês já conhecem bem: Carlos Henrique, que tem agora um novo blog, um belo espaço onde ele expressa suas alegrias, angústias e inquietudes de jovem pensante, por meio de lindos poemas (www.opoetaemconstrucao.blogspot.com). Esse poema ele fez inspirado numa comunidade que se chama Campo Grande. Apreciemos:



                      À MARGEM

O Sol nasce
E renasce a força
Deste povo grande
De Campo Grande.

Pessoas que
Trabalham, lutam,
Calam, gritam,
Criam, recriam,
Sobrevivem, vivem.

Campo de brotos,
A caminho de desabrochar.
Fértil de flores e frutos,
Muitos à margem.

Campo de cidadãos
De fé e coragem
Em constante busca,
Mas sempre à margem.

Campo de sonhos,
Acreditados e silenciados,
Vasto de Esperança,
Grande de Vida.

Campo Grande de
Presentes,
Memórias,
Futuros.

Carlos Henrique - 2012