Não sei quantas almas tenho
Fernando Pessoa
Não sei
quantas almas tenho.
Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é,
Atento
ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou.
Por
isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu. |
Olá pessoal, olá Lira!
ResponderExcluirObrigado por me proporcionar esse encontro com Pessoa. Eu também "não sei quantas almas tenho". Sei mais o que não sou, o que me falta, o que não quero, o quanto ainda preciso caminhar. Além disso, nunca darei conta de saber tudo. Vale mais me maravilhar com a beleza do mistério da vida. Até breve! Bjs Profa!
"vou lendo
ResponderExcluirComo páginas, meu ser."
"Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu."
Olá, meu querido! Também adoro "encontrar" com Fernando Pessoa! Ele sempre "fala de mim e para mim"...
Como o ser humano é complexo... Naturalmente plural, mas na procura contínua da sua unidade. E é em busca desse unidade, "nosso EU", que nos inquietamos muuuuitas vezes, não é? Concordo com você: vale maravilhar com a beleza do Mistério da Vida... bjos, amor da minha vida...