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sexta-feira, 9 de março de 2012

Literatura de Cordel

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.” (Cora Coralina, poetisa brasileira)

           Olá!
        A Literatura de Cordel é uma espécie de poesia narrativa popular, originalmente oral e ganhou este nome, pois as poesias eram expostas ao povo, amarradas em cordões estendidos nas ruas e lojas de mercados populares. Chegou ao Brasil no século XVIII e foi se tornando cada vez mais popular, principalmente no Nordeste. Atualmente, felizmente, a Literatura de Cordel vem conquistando cada vez mais espaço e público em São Paulo e em vários cantos  Brasil.

        Hoje mostro a arte poética de Rosinha Noronha (foto), minha  amiga, professora de Língua Portuguesa, que trabalhou na área de tradução na iniciativa privada, e hoje, aposentada, entrega-se à beleza da poesia, participando de um grupo que faz oficinas de Literatura de Cordel, sob a orientação da poetisa e cordelista Cleusa Santos.
        A cada ano é publicado um pequeno livro com as poesias produzidas pelas “cordelistas”. De um desses livros, “Retalhos em Cordel", com produções belíssimas, que vem “Perfeita União”, poema que ora publico. Como sei que ficará um gostinho de “quero mais”, publico também “Alforje” (que um dia, declamamos e curtimos juntas), composição da Meg, amiga de Rosinha.
       Vamos aos poemas:


PERFEITA UNIÃO
Rosinha Noronha

Trabalho deve ser fonte,
Sempre de felicidade.
Não devemos ter preguiça,
E também não ter maldade.
Viver com muito amor,
Competência e verdade.

Não devemos separar,
Trabalho de diversão.
A felicidade surge,
Desta linda união.
Entretanto só não faça,
Por pura obrigação.

Procure sempre obter,
Muito prazer no que faz.
Viva com grande paixão,
Disso você é capaz.
Fazendo tudo que gosta,
Com certeza terá paz.

Nestes versos que lhe fiz,
Creia, não estou mentindo.
Se prestar bem atenção,
Verá que estou curtindo.
Não sei se estou trabalhando,
Ou se estou me divertindo.


*****


ALFORJE
Meg

Mandei fazer um alforje,
Pedi para reforçar,
Pra caber meu violão,
Que me inspira a cantar.
Com ele levo também,
A magia do luar.

Do outro lado do alforje,
Coloquei a solidão,
Os momentos que são meus,
O pulsar do coração.
O silêncio das palavras,
Que falam pela emoção.

No fundo do meu alforje,
Uma noite angustiosa,
Lágrimas de desespero,
E tampei com uma rosa,
Pra perfumar tudo isso,
Que acabou virando prosa.

Verificando o alforje,
Nele também depositei,
Meus amores impossíveis,
Que um dia eu amei.
Empurrei lá para o fundo,
E mais flores coloquei.

Completei o meu alforje,
Com toda vivacidade,
Esperança, alegria,
E também fraternidade.
Para nunca mais faltar,
Muito amor, paz e bondade.

Revirei todo o alforje,
Para ver se ainda cabia,
O sonho, a ilusão,
Coragem, sabedoria.
Pra não carregar comigo,
O peso da agonia.

Caminhando com o alforje,
Estava ele bem pesado,
Coloquei sobre a areia,
E recordei o passado.
Revi cenas amargas,
Melhor não ter recordado.

Fui desatando o alforje,
Bem defronte ao mar aberto,
E tirando um a um,
O errado e o certo,
Pedi que a água levasse,
Não deixasse nada perto.

Esvaziei o alforje,
Para casa fui voltando,
Senti a leveza da brisa,
Pela rua andei cantando,
Qual alegre bem-te-vi,
Novas emoções juntando.