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quinta-feira, 29 de junho de 2023

Texto: Lançamento do livro “Vício... Sonho... Até Parece Castigo! – Vivências e notícias de garimpos de quartzo na Bahia”

"Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução" (Machado de Assis)

Olá!

No dia 29 de junho de 2011, publiquei um texto aqui nesse blog falando do primeiro livro de Thierry De Burghgrave: “Vagabundos, Não Senhor! – Cidadãos Brasileiros e Planetários”. Hoje, exatos 12 anos depois, publico um texto  que escrevi, carinhosamente, para o evento de lançamento do  seu segundo livro: “Vício... Sonho... Até Parece Castigo! – Vivências e notícias de garimpos de quartzo na Bahia”,  onde fui representada brilhantemente pela minha querida sobrinha, Danny Oliveira, no dia 10/06/2023, na minha cidade natal. 
Vamos ao texto? Boa leitura e boa reflexão. Beijos...  

Caríssimo amigo Thierry, companheiros e companheiras de luta e de caminhada, familiares, autoridades aqui presentes e demais pessoas:

Adélia Prado, querida mestra da poesia brasileira, diz: “A coisa mais fina do mundo é o sentimento”. E eu começo falando de sentimento! Sentimento por não poder estar presente nesse momento aí com vocês prestigiando o lançamento do livro do meu amigo Thierry De Burghgrave. Alguns compromissos por aqui impossibilitaram uma viagem minha à Bahia nessa data. Mas há o sentimento também de presença, de saber que, mesmo distante, eu posso estar presente com as minhas energias, meu entusiasmo e também por meio dessas poucas e singelas palavras.

Quero, de início, parabenizar meu amigo Thierry pelo livro e pelos 50 anos de Brasil, completados no ano passado. Sua trajetória de 50 anos foi marcada por grandiosos serviços prestados ao povo brasileiro e ao povo do nosso Município de Brotas de Macaúbas onde fixou sua morada e esperava sua família brasileira. O seu trabalho e sua dedicação encorajaram o enriquecimento dos bens culturais da nossa terra, para o fortalecimento de várias lutas, caminhadas e para muitas conquistas do nosso povo. O lançamento do seu segundo livro: Vício... Sonho.... Até parece castigo! – Vivências e notícias de garimpos de quartzo na Bahia, é, sem dúvidas, mais uma contribuição nesse sentido, dado pelo seu valor histórico, cultural e literário.

Tive o prazer e a honra de escrever o prólogo desse livro. Quero dizer que foi muito bom o mergulho nos seus textos nessa viagem literária, como também foi muito enriquecedor os nossos diálogos enquanto lia o livro para escrever o prólogo. Compromisso, seriedade e competência estão sempre presentes em tudo o que você faz. E esse seu novo livro está aí para provar isso.

Vivemos em uma sociedade onde, principalmente nas últimas décadas, tentaram sucumbir a nossa luta e nossa esperança. E até nesse momento estamos vivendo as consequências desse “apagão cultural”. Negligenciamos muito nessa parte e a fatura chegou: fundamentalismo religioso, desrespeito ao Estado Democrático de Direito, individualismo e negação à ciência. Muitas vidas humanas foram ceifadas, florestas foram devastadas, e até os animais não foram poupados. A “Mãe-Terra”, nossa “Casa-Comum” pede socorro. E os depredadores, as elites insaciáveis, o agronegócio, ainda tentam impedir o trabalho dos órgãos que protegem a nossa natureza e tentam criminalizar os movimentos sociais, com a criação da CPI do MST, por exemplo. 

É possível que nos fortaleçamos na luta e no trabalho de conscientização em todos os cantos desse nosso Brasil. É preciso que as escolas, sindicatos, igrejas, associações, partidos políticos e demais movimentos sociais resgatem o seu papel de conscientização, de formação cidadã.

Ilustração: Camila De Burghgrave Bastos
No capítulo 9, páginas 185-186, desse livro que agora é lançado, Thierry aborda um fato de grande sucesso, dentre tantos outros fatos relevantes considerados nesse livro. O alerta que fez às autoridades, investigadores locais e também sobre o papel das escolas, num dia de denúncia da emancipação política e administrativa do município de Brotas de Macaúbas sobre a importância de resgatar a história do nosso povo que: “diante de tantas adversidades de ordem política, social, ambiental e climática, enfrenta essa luta sem perder sua dignidade e sua coragem” – diz ele. E enfatizo: “enfocando particularmente o ponto de vista dos “vencidos”, não dos coronéis e da elite”.

Logo depois ele exemplifica o trabalho do professor José Calasans sobre a guerra de Canudos. Que bom que ele falou isso em 2017. Que bom que eu posso citar isso agora em 2023. E que bom que isso está registrado nesse livro. Sem entender esse papel básico educacional, estaremos sempre fadados a vulnerabilidades sociais e políticas perante a classe dominante, enfraquecendo, portanto, o nosso papel de cidadãos e cidadãs.

Queremos educação, cultura, saúde, a terra dos povos indígenas sendo respeitada, respeito às diversidades de gênero, raça, cor, orientação sexual e religião. Queremos nossas matas preservadas, comida saudável na mesa, respeito aos trabalhadores do campo e da cidade.

Dito isso, aproveito o ensejo maravilhoso do lançamento de um livro para conclamar aos estudantes, aos jovens e às pessoas aqui presentes que leiam. Leiam esse livro. Leiam outros livros. Debrucem sobre um livro ou, pelo menos, sobre alguns capítulos. O mundo frenético das tecnologias, muitas vezes nos afasta da leitura. precisamos despertar e/ou adquirir esse hábito que tantos benefícios traz para nós. E eu não me contenho e cito Adélia Prado mais uma vez: “Quem entende a linguagem entende Deus / cujo Filho é Verbo”. 

Concluindo, quero mais uma vez dizer: Parabéns, caro amigo Thierry! Parabéns pelo livro e parabéns pelo seu trabalho! Você fez e continua fazendo história em Brotas de Macaúbas. Sinta a minha presença, receba o meu abraço fraterno, extensivo ao pessoal de luta das nossas comunidades e todas as pessoas que prestigiam esse evento.

Grande abraço,

 Eliran Oliveira