“Todas as
artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver.” (Bertolt
Brecht)
Nas minhas fases de introspecção (agora, por exemplo), leio sempre as obras das poetisas Adélia Prado, Cecília Meireles, Cora Coralina,
Florbela Espanca, Flora Figueiredo, etc.
No livro Calçada de verão que ora leio, dentre
outros poemas, me identifiquei com esse que transcrevo abaixo. Tudo a ver
comigo que vivo a dor da "partida" do meu painho, e reflito sobre os seus
ensinamentos, o seu amor, os valores passados para nossa família, principalmente por seu exemplo
de vida.
Te amo, querido painho. Muito! Sempre!
Carta ao velho pai
Flora Figueiredo*
Não sei onde é que você está
mas eu o escuto
em todo caminho e a cada minuto.
tenho a sensação
que acabei de desatar de sua mão,
na despedida.
Guardo nos olhos
o último aceno da partida.
Trago já alguns cabelos brancos
frutos inegáveis
Flora Figueiredo*
Não sei onde é que você está
mas eu o escuto
em todo caminho e a cada minuto.
tenho a sensação
que acabei de desatar de sua mão,
na despedida.
Guardo nos olhos
o último aceno da partida.
Trago já alguns cabelos brancos
frutos inegáveis
dos meus trancos e barrancos
e um vinco marcado
de algum lado do espelho.
Mas não esqueci o ensinamento
de pintar o mar de azul profundo
e colorir o mundo de vermelho,
a despeito da chuva e apesar do vento.
(...) e como criança
fico procurando ansiosa uma lembrança
ao pé da chaminé
Só que o que encontro na verdade
é um embrulho lá de não sei onde
que esconde imenso, num papel dourado,
um tempo vivido e já guardado
num pacote doce de saudade.
e um vinco marcado
de algum lado do espelho.
Mas não esqueci o ensinamento
de pintar o mar de azul profundo
e colorir o mundo de vermelho,
a despeito da chuva e apesar do vento.
(...) e como criança
fico procurando ansiosa uma lembrança
ao pé da chaminé
Só que o que encontro na verdade
é um embrulho lá de não sei onde
que esconde imenso, num papel dourado,
um tempo vivido e já guardado
num pacote doce de saudade.
*Figueiredo, Flora. Calçada de Verão, ed. Nova Fronteira – página
35
A estrada longa, num caminho belo,
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Hoje, 18
de maio, acrescento a esta postagem, palavras poéticas do meu sobrinho Cássio
Murilo (foto) que, assim como eu, vive a experiência da dor da saudade do vô, longe
da família.
Palavras
chaves desta postagem: FAMÍLIA, AMOR, CARINHO, SOLIDARIEDADE, ENSINAMENTOS,
SABEDORIA, UNIÃO, VALORES, SAUDADES...
*****
À memória de um grande homem: Juraci Oliveira
A estrada longa, num caminho belo,
cheio de
mato, cheio de flores, córregos, aromas...
As
árvores quase atingiam o céu...
Os
buritizais eram "o lugar"...
No
córrego depois do brejo, não corria apenas água,
mas
também alegria; não uma alegria qualquer, mas sim a "primeira"
alegria!
A de quem
começou tudo aquilo, com apenas os seus amores ao seu lado:
seus
queridos filhos e a adorada esposa...
E essa
alegria permanece ali até hoje!
É esse o
lugar! Onde a tranquilidade mora...
Onde o
"cocoricó" do galo é muito mais bonito na madrugadinha linda naquela
cama gostosa, na claridade que atravessa o telhado logo cedo com uma pequena
fenda decorrente de uma telha afastada do seu devido lugar.
Era lindo
ver aquele amor... Aquele cuidado com a terra, com as suas criações...
O capim
chega até os joelhos na época das águas, que é a época que a alegria aumenta
cada vez mais.
Não que
essa alegria deixava de existir na seca, muito pelo contrário, era sempre a
mesma alegria acrescida de um pouquinho mais a cada dia que se passava.
Ele nos
mostrou isso... Ele nos ensinou isso... Ele nos deu a sua alegria...
Não tinha
como não se sentir bem ali...
O
"Coração Sertanejo" dele sempre foi, não só o lugar dele, mas também
o NOSSO!
E é
conosco que ele está agora!
Ao lado
de Deus, cuidando de nós, vendo a alegria que agora está em nós.
Vô Jura,
meu avozinho querido:
Amamos-te
muito!
Que a
acolhida por Deus tenha sido embebida de alegrias e satisfações, afinal, o
senhor merece!
Sempre
nos ensinou o valor da vida...
Guiou-nos
sempre que descuidamos e saímos do caminho...
Tenho
muito, muito, muito, muito orgulho de ser seu neto;
bato no
peito, cheio de orgulho porque EU CONHECI JURACI DE OLIVEIRA!
O
PRIMEIRO*! O QUE COMEÇOU TUDO! O QUE TANTO AMAMOS!
Vô... Te
amo muito! O senhor está comigo sempre!
Descanse
em paz, avozinho querido!
O senhor
se foi, mas as lembranças e seu carinho permanecerão sempre!
p.s. *Cássio
se refere a Juraci, o primeiro, porque o pai dele, meu irmão (de quem sou fã),
também se chama Juracy (o segundo).