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terça-feira, 15 de maio de 2012

Poema: Carta ao velho pai


“Todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver.” (Bertolt Brecht)

        Nas minhas  fases de introspecção (agora, por exemplo), leio sempre as obras das poetisas Adélia Prado, Cecília Meireles, Cora Coralina, Florbela Espanca, Flora Figueiredo, etc.
        No livro Calçada de verão que ora leio, dentre outros poemas, me identifiquei com esse que transcrevo abaixo. Tudo a ver comigo que vivo a dor da "partida" do meu painho, e reflito sobre os seus ensinamentos, o seu amor, os valores passados para nossa família, principalmente por seu exemplo de vida. 
        Te amo, querido painho. Muito! Sempre! 

Carta ao velho pai
Flora Figueiredo*

Não sei onde é que você está
mas eu o escuto
em todo caminho e a cada minuto.
tenho a sensação
que acabei de desatar de sua mão,
na despedida.
Guardo nos olhos
o último aceno da partida.
Trago já alguns cabelos brancos
frutos inegáveis
dos meus trancos e barrancos
e um vinco marcado
de algum lado do espelho.
Mas não esqueci o ensinamento
de pintar o mar de azul profundo
e colorir o mundo de vermelho,
a despeito da chuva e apesar do vento.
(...) e como criança
fico procurando ansiosa uma lembrança
ao pé da chaminé
Só que o que encontro na verdade
é um embrulho lá de não sei onde
que esconde imenso, num papel dourado,
um tempo vivido e já guardado
num pacote doce de saudade.

*Figueiredo, Flora.  Calçada de Verão, ed. Nova Fronteira – página 35

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Hoje, 18 de maio, acrescento a esta postagem, palavras poéticas do meu sobrinho Cássio Murilo (foto) que, assim como eu, vive a experiência da dor da saudade do vô, longe da família.
Palavras chaves desta postagem: FAMÍLIA, AMOR, CARINHO, SOLIDARIEDADE, ENSINAMENTOS, SABEDORIA, UNIÃO, VALORES, SAUDADES...

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À memória de um grande homem: Juraci Oliveira
por Cássio Murilo, terça, 15 de Maio de 2012 às 22:46 ·


A estrada longa, num caminho belo,
cheio de mato, cheio de flores, córregos, aromas...
As árvores quase atingiam o céu...
Os buritizais eram "o lugar"...
No córrego depois do brejo, não corria apenas água,
mas também alegria; não uma alegria qualquer, mas sim a "primeira" alegria!
A de quem começou tudo aquilo, com apenas os seus amores ao seu lado:
seus queridos filhos e a adorada esposa...
E essa alegria permanece ali até hoje!
É esse o lugar! Onde a tranquilidade mora...
Onde o "cocoricó" do galo é muito mais bonito na madrugadinha linda naquela cama gostosa, na claridade que atravessa o telhado logo cedo com uma pequena fenda decorrente de uma telha afastada do seu devido lugar.
Era lindo ver aquele amor... Aquele cuidado com a terra, com as suas criações...
O capim chega até os joelhos na época das águas, que é a época que a alegria aumenta cada vez mais.
Não que essa alegria deixava de existir na seca, muito pelo contrário, era sempre a mesma alegria acrescida de um pouquinho mais a cada dia que se passava.
Ele nos mostrou isso... Ele nos ensinou isso... Ele nos deu a sua alegria...
Não tinha como não se sentir bem ali...
O "Coração Sertanejo" dele sempre foi, não só o lugar dele, mas também o NOSSO!
E é conosco que ele está agora!
Ao lado de Deus, cuidando de nós, vendo a alegria que agora está em nós.
Vô Jura, meu avozinho querido:
Amamos-te muito!
Que a acolhida por Deus tenha sido embebida de alegrias e satisfações, afinal, o senhor merece!
Sempre nos ensinou o valor da vida...
Guiou-nos sempre que descuidamos e saímos do caminho...
Tenho muito, muito, muito, muito orgulho de ser seu neto;
bato no peito, cheio de orgulho porque EU CONHECI JURACI DE OLIVEIRA!
O PRIMEIRO*! O QUE COMEÇOU TUDO! O QUE TANTO AMAMOS!
Vô... Te amo muito! O senhor está comigo sempre!
Descanse em paz, avozinho querido!
O senhor se foi, mas as lembranças e seu carinho permanecerão sempre!

p.s. *Cássio se refere a Juraci, o primeiro, porque o pai dele, meu irmão (de quem sou fã), também se chama Juracy (o segundo).

terça-feira, 1 de maio de 2012

Liberdade Capital

“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (Rosa Luxemburgo)

Pintura de Tarsila do Amaral - Os operários - 1933
       Comemora-se hoje, o dia dos trabalhadores. Muitas conquistas foram feitas. Muitas ainda por fazer. A exploração da mão de obra infantil, dos jovens e muitos trabalhadores continua evidente nos mais diversos setores da sociedade, seja no campo ou na cidade. A exploração continua... Portanto, a luta pelos muitos direitos ainda negados aos trabalhadores de hoje, continua! Viva os trabalhadores e as trabalhadoras brasileiras!
        Deixo um poema, palavras de um jovem, que reflete sobre o mundo do trabalho.


 Liberdade Capital
 Carlos Henrique Ferreira da Silva*

Escravidão, Capital,
Que tal?
Explorar o trabalhador
Dar a ele pouco, pouco, pouco,
Do muito, muito, muito.

Capitalismo,
Lucro,
Juros
Dívida,
Escravidão.

Escravos do capital,
Libertai-vos,
Quereis o direito
O vosso
A partilha.

Capital, monstro contemporâneo,
Tão antigo!
Silenciosamente,
Deixa o lucro
Nas mãos de poucos, de alguns, de uns.

Todos trabalham
Querem férias
Da desigualdade social,
Da pobreza em massa,
Das desgraças capitalistas,
Longas férias...

Saia capitalismo,
Dê lugar a todos,
Ao povo trabalhador,
A sociedade.

Carlos Henrique – primavera de 2010. 

* Carlos Henrique Ferreira da Silva, atualmente estudante de Filosofia - PUC - Campinas - S.P.