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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Variedades linguísticas

“O Senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”. (Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas)


Olá!!!

Para fazer jus ao bonito nome do meu blog mostrarei antes das postagens, algumas frases do grande mestre da literatura brasileira, João Guimarães Rosa, assim como fiz hoje. Mostrarei frases de outros autores também. Aguardem!
Publico agora um texto da prova da 1ª fase da FUVEST/2007. Trata dos diferentes usos da língua em diferentes contextos. Em 2009 elaborei uma avaliação dissertativa a partir deste texto e a discussão em classe foi muito rica e interessante. Gostei. É sempre bom conhecer e estudar as variedades linguísticas.Vamos ao texto:

“Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no último “Quarto de Badulaques”. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” – do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário (...). O certo é “varrição”, e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário(...) Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado”. (www.rubemalves.com.br/quarto de badulaques)

PS: Vale a pena visitar “A casa do Rubem Alves” no site acima. Sempre que posso, dou uma passadinha por lá “para prosear”. O quarto de badulaques...Como eu gosto! Encontro preciosidades! Agora, tentação mesmo é na loja. Costumo dizer que os livros de Rubem Alves eu não leio; devoro-os. E sou grata por tudo que aprendi com eles, principalmente o “olhar” questionador e amoroso sobre a educação. Gosto de “Pinóquio às avessas”, “Entre a ciência e a sapiência – o dilema da educação”, “Transparência sobre a eternidade”, “Estórias de bichos”, etc., etc. etc. Li recentemente “O velho que acordou menino” e “O sapo que queria ser príncipe” (ambos autobiográficos).

4 comentários:

  1. E aí pessoal!!!

    Td bem???

    Q legal a postagem da semana, né? Variedades lingüísticas... Gostei muito... Acho devemos lembrar q o objetivo da língua é comunicar... Mas, muitas pessoas só ficam apegadas aos dicionários e gramáticas, vendo regras e mais regras, também procurando a conhecer mais palavras difíceis daquelas q ninguém sabe o significado... Onde fica a comunicação aí, em?

    Quero também contar uma experiência q tive na escola, quando morei em Aparecida, interior de SP. Estudava no Colégio Millennium. Morei em um seminário religioso e convivia com mais ou menos 15 mineiros, já era um aprendizado de termos regionalistas constantes, mas esse foi super engraçado. Estudávamos todos na mesma escola. Então uma moça da sala, chamada Maria Alice, pediu pra mim o "Errorex"... Eu não entendi o q ela disse, pensei q era durex, disse q não tinha e comecei a pedir para os demais da sala. Ela então me corrigiu, e disse que não era durex, era "errorex". Então perguntei o q era isso, ela me disse q era a mesma coisa q corretivo, branquinho e etc. Chamam de "Errorex" por causa da marca, q é famosa lá. Todos rimos muito depois.

    Então quem estava errado Maria Alice ou eu? Nenhum dos dois. O importante é q haja respeito e compreensão dos termos regionalistas... O q importa é q agora eu sei o q é errorex... A vida é assim, cada dia a gente aprende um pouco mais...

    Acho q falei um pouco de mais... Até mais...
    Fui...

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  2. Engraçado, lembro-me de ter visto no Museu da Língua Portuguesa um vídeo que explicava que a fala e a escrita são diferentes, que a escrita se segue o que está nos jornais e que a fala depende de quem, onde e com quem se fala, então penso numa língua "falada" bem dinâmica onde não tem certos nem errados. Amei o post, e fiquei curiosa de ler os tais livros de Rubem Alves que vc citou, pareceram-me interessantes só pelo título...
    bjos
    fui

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  3. E o rapaz ainda se diz "AMIGO" hahahaha, mas acredito que a cobrança faz parte da realidade em diferentes áreas, seja no português, ou no trabalho, em casa, na escola etc.
    Emfim, gostei do texto, rápido, claro, e no meu entendimento, cômico.

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  4. Bons comentários!!! Adorei saber desta experiência vivida pelo Carlos!
    O texto aborda a validade de diferentes usos da língua, em diferentes contextos, uma vez que quando o autor refere-se aos mineiros da roça ele se identifica com o falar deles. Quando o interlocutor é outro (amigo oculto, letrado, identificado como “paladino da língua portuguesa”) ele utiliza a linguagem padrão e até erudita. Ainda emprega as metáforas “sopa” e “prato” para referir ao CONTEÚDO e à FORMA daquilo que escreve ou diz.
    Aproveito para dar um recadinho p o Leandro: Lê, cadê você? Registro aqui que você tirou 10 (dez!) na avaliação feita a partir deste texto, lembra-se? Beijos para todos e todas!
    Como diz o Carlos, fui...

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