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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Capitães da Areia

“Tudo sai é mesmo de escuros buracos, tirante o que vem do Céu. Eu sei.” (Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas)

 Olá!
      Não poderia deixar de registrar aqui no Mire e Veja Travessia o meu contentamento por termos ido ao teatro, anteontem, 13/09, depois de três anos sem poder fazer essas excursões. Pelo que vi e ouvi, todos que foram gostaram e pedem bis! A linguagem e a magia do teatro realmente fascinam. Bem sei disso. Os nossos alunos e alunas do Ensino Médio estão de parabéns pelo comportamento e participação.
      A peça teatral à qual me refiro foi Capitães da Areia, uma adaptação  do livro homônimo de Jorge Amado, apresentada pelo grupo Trapiche (fotos acima). Traz a história de um bando de crianças e adolescentes, abandonados, infratores, que vivia numa praia de Salvador, desfrutando da liberdade das ruas, mas também lidando com as amarguras do submundo do crime. O grupo formado por Pirulito, Sem Pernas, Professor, Volta Seca, Pedro Bala - o líder - e vários outros personagens, tem como seus amigos apenas o padre José Pedro e uma mãe-de-santo, Dona Aninha. Dora entra na história depois, e na convivência com os Capitães da areia resolve se tornar um deles. Tem uma passagem curta, mas muito marcante na vida desse grupo, principalmente na vida de Professor e de Pedro Bala.
      No romance, de cunho social, Jorge Amado descreve a vida desse grupo, em páginas e mais páginas, com uma beleza, dramaticidade e lirismo impressionantes. Recomendo  a leitura do livro, que, felizmente, passou a fazer parte da lista de livros  da FUVEST e Unicamp. Como a lista de livros desses vestibulares influencia muito, já estava na hora de trazer Capitães da Areia para incentivar a leitura dessa obra, para os estudantes e todas as pessoas que quiserem conhecer um drama social e ampliar sua visão de mundo  em relação ao problema dos menores abandonados.
      Vale lembrar que a obra é baseada em fatos reais e que Jorge Amado chegou a dormir no Trapiche com os menores abandonados para conhecer mais de perto a realidade deles.
      Aí podemos pensar: fato acontecido nos anos 30! Realidade extinta. Que nada! Uma realidade mais presente do que nunca. É só olhar nas ruas de São Paulo, por exemplo.
      Jorge Amado foi um escritor comprometido com a sociedade de sua época e, para fins didáticos, é estudado na 2ª fase do Modernismo brasileiro, juntamente com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, dentre outros.  No início de sua trajetória literária preocupou-se com os aspectos políticos da luta de sua gente, engajou na política contra a ditadura de Getúlio Vargas, o que lhe valeu prisão e exílio do país. Depois dessa fase voltou-se mais para a literatura de registro dos costumes, da realidade cultural da Bahia. Suas obras mais conhecidas são: Capitães da Areia, O País do Carnaval, Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste, Teresa Batista cansada de guerra, etc., várias delas  adaptadas para a televisão, teatro e cinema.
      Capitães da Areia, publicado em 1937, foi apreendido pela polícia e seus exemplares foram queimados em praça pública, em Salvador. Renascendo das cinzas, o livro voltou a ser publicado em 1944, no final da ditadura de Vargas. Em breve, ainda em 2010, deverá ser apresentada a segunda versão para o cinema com direção de Cecília Amado, sobrinha do escritor.
     
O livro é dividido em três partes: "Sob a lua, num velho trapiche abandonado", "Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos" e " Canção da Bahia, Canção da Liberdade".




Fotos 1 e 2: Apresentação do grupo de teatro Trapiche
Foto 3: Publicação do filme "Capitães da Areia"
Foto 4: O escritor Jorge Amado
Foto 5: Vista panorâmica de Salvador onde viviam os "Capitães da Areia" e o elevador lacerda  que liga a cidade-alta à cidade-baixa.

7 comentários:

  1. Não pude ver a Peça, mas li o livro, e a história me marcou muito, conheci um lado da Sociedade que não é bem compreendido, muitas vezes julgamos as crianças de rua pelas suas atitudes, mas não percebemos que na maioria das vezes elas estão nessa vida, não por querer, mas por necessidade, sobrevivência.

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  2. Parabéns Thiago, você tirou as palavras da minha boca.
    Quando vemos alguém na rua nos preocupamos em criticar e não em ajudar, nem ao menos nos perguntamos o que levou essa crinça/jovem a ficar na rua? Por motivos obvios sabemos que não é por vontade própria, pois como o sem-pernas todos nós precisamos de carinho, de alguem que nos ame e alguem para amar. E livro é " foda " porque mostra o lado dos capitães da areia.

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  3. A peça foi maravilhosa!!! Grande espetaculo. Mas do meu ponto de vista achei que em comparação com o livro deixou um pouco a desejar. Pois a peça ficou muito comica e eu nao senti a " desgraça " da vida deles como diz o sem-pernas ( personagem favorito).
    A vida de uma criança moradora de rua concerteza não deve ser tão facil e legal como foi mostrado na peça. Mas mesmo assim eles arrebentaram, pretendo ir mais vezes.

    Escrevi muito que nem o Carlos ( Basílio )!!

    Beijos na Bunda! ( censurado )

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  4. Olá pessoal!!! Olá Profa...
    Como Thiago e a Iza (Luiza) disseram muito bem, o teatro foi muito bom...
    Toda história tem dois lados! Capitães da Areia mostra o lado que nunca vezes, o parecer de quem vive a realidade de rua. Os Capitães da Areia nunca quiseram ser tratados como coitadinhos, como diz Jorge Amado na voz do Padre José Pedro: "São meninos iguais a homens. Vivem como homens, conhecem a vida toda, tudo... É preciso tratar com jeito, fazer concessões". Precisavam de carinho, de amor, de acolhimento, entretanto deve se conquistar a confiança e o amor deles.
    Creio q, como a Iza (Luiza) lembrou, a peça foi bem engraçada e deixou um pouco a desejar todo o drama relatado no livro. E achei q o tempo foi curto e algumas partes poderiam ser dramatizadas com mais fidelidade a história, mas sei q no teatro o tempo é curto.
    Achei muito legal também q o grupo de teatro no final deixou livre para perguntarmos sobre a peça e a obra em si...
    Fica aí então aquele gostinho de quero mais... Gostinho de ler o livro... Gostinho de voltar ao teatro (por falar nisso, alguns alunos e eu, vamos amanhã - 21/09 - no Teatro Municipal de Osasco, assistir a peça "O CORTIÇO"... vai ser um passeio por conta... a escola não vai...eu vou claro)...
    Agora eu vou indo...
    Xi... Iza (Luiza) acho q não consigo escrever pouco em postagens tão legais e "motivadoras" como as do Mire e Veja... rsrsrsr...
    Fui...

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  5. E aí galera... Oi Profa.!!!
    Hoje li o capítulo onde o Sem-Perna morre...no teatro não foi retratada, acho q seria bem difícil retratar, mas acho q por ele ser um dos personagens mais importantes não podia ter faltado...
    Bjs Profa...
    Iza(Luiza): escrevi pouco agora... rsrrsr...
    Fui...

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  6. Thiago: pena que você não foi ao teatro. Que bom que vc leu o livro e teve uma compreensão bem mais ampla da obra. Parabéns!!! Obrigada por compartilhar sua boa interpretação de Capitães da Areia aqui no Mire e Veja. Bjos.

    Iza: (Luisa?) você complementou a reflexão do Thiago de uma forma maravilhosa. Fico orgulhosa de vcs. Agora é terminar de ler o livro, completar essa viagem com o Sem Pernas e os “capitães” pelas ruas de Salvador. Que bom que vc gostou da peça, do espetáculo e pretende ir mais vezes. Aliás, já foi.
    Quanto a sua reflexão sobre a fidelidade da adaptação da obra feita pelo grupo teatral é o seguinte: Quando o espetáculo trata de uma adaptação, ou seja, não é originalmente uma peça teatral, temos que realmente levantar essas questões. Agora, a adaptação é feita conforme o olhar do diretor da peça, e esse olhar não, necessariamente, deve “bater” com o olhar do autor da obra. (O próprio Jorge Amado falava que evitava ver as novelas, minisséries, filme, adaptados das suas obras...) Particularmente acho legal esta liberdade. A linguagem teatral não é a mesma linguagem do romance, do cinema, da novela... Daí a importância de lermos o livro, a obra original. O teatro, nesse caso, é uma motivação a mais para lermos a obra. Aliás, os atores falaram isso no teatro.
    Outro ponto a considerar é a reação-interpretação da plateia, que às vezes rir de tudo ou quase tudo. Já vi nos cinemas, nos teatros, na escola... – inúmeras vezes - muita gente rindo ao assistir cenas ou histórias dramáticas. Imagine a cena da morte da Baleia em “Vidas Secas”... O meu coração dói e algumas pessoas rindo. O filme “A hora da Estrela”, então, quando passava, muitas vezes tinha que parar e falar: É drama. Não é comédia!
    Noutros casos, por não ser a realidade, mas a interpretação dela, o riso é provocado com certa facilidade. Lembre da cena do Sem Pernas ao chegar à casa da D. Esther todo maltrapilho, sujo, entrar e reaparecer todo “patricinho”...
    Mudando de assunto... E essa “palavrinha” censurada? Têm adolescentes, senhores e senhoras, etc. que acompanham o mire e veja...
    (Sem querer dar uma de moralista, sei q vcs receberam, do governo, livros com expressões muito piores; site e outras coisas q mostram que não estão tratando a educação com seriedade. Estamos vivendo isso no presente momento com o livro “Os cem melhores contos do século”, onde a profa, na sala, teve que dar uma de anti-democrática e censurar a leitura em classe da página 471 (“Né, Thiago?”). Resta-nos não desanimarmos e fazer a nossa parte.)
    Beijos minha linda e fique com Deus.

    Carlos: (Basílio?) Penso que ao responder a Iza, de certa forma acabei respondendo vc também, não é? E é isso. O teatro não pode (e nem deve) abarcar, numa adaptação, toda a história de um livro. Em muitos grupos eles fazem o máximo para ser fiel à obra. Outros adaptam com mais liberdade. E ficar “um gostinho de quero mais”... É bom! Assim a gente volta aos tetros, assim a gente lê livros. Quanto à cena da morte do Sem-Pernas, realmente é muito marcante. Sinceramente, prefiro que fique na minha cabeça a cena do “livro”. Acredito que a realidade do palco, da linguagem teatral, como falei, não conseguiria abarcar cenas desse porte e até tiraria a beleza da leitura...Bjos!!!!!
    Aproveito para dar os parabéns aos alunos e alunas que foram ao teatro e aos que leram e estão lendo o livro. Vcs me deixam feliz e orgulhosa com essas atitudes. Obrigada aos q comentaram e voltem sempre. Bjos.

    Xi... Escrevi muito, não? Acho que passei o Carlos (Basílio) para trás. rsrsrs

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