“Não posso
ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha
prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura.
Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor
de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.” (Paulo Freire)
Marcos Bagno e eu |
Tarde
maravilhosa ontem (29/06) com o ilustríssimo linguista, educador, escritor e tradutor
Marcos Bagno.
Marcos Bagno
tem sido referência para mim e milhares de professores e professoras de Língua
Portuguesa no Brasil e em vários países no mundo, onde tem ministrado
conferências e cursos. Lançou, recentemente, a GRAMÁTICA DE BOLSO DO PORTUGUÊS
BRASILEIRO* - versão sintética da Gramática pedagógica do português brasileiro - (Já tenho a minha devidamente autografada).
Com seus
estudos, pesquisas e publicações tem cumprido uma “tarefa revolucionária”, uma
verdadeira militância contra o preconceito linguístico, na defesa da variedade
linguística e, óbvio: por uma verdadeira democratização do acesso à norma
padrão da língua.
Quem não
conhece “Preconceito linguístico – o que é, como se faz”? E a famosa “Carta de
Marcos Bagno à revista Veja” (4/11/2001)?! Leitura fundamental para professores
de Língua Portuguesa e estudantes de Letras e que já foi divulgado aqui nesse
blog.
Quantas
pessoas foram beneficiadas com suas ideias e pesquisas na área da linguística?
Muitas. Mas, claro, quem “abraça essa causa”, encontra desafeto também... E
muitos.
“Muita gente
lê de maneira distorcida os trabalhos das pessoas engajadas na democratização
das relações linguísticas no Brasil” – diz a contracapa de um dos livros de
Bagno. Porém não vejo por essa ótica (questão de leitura distorcida), pois todas as obras que li do autor são claras, e não
se limitam a “criticar”. São bem fundamentadas e, o mais importante: mostram caminhos,
propostas. Acredito que a questão de fundo é a dificuldade de conviver e
aplicar o ensino da língua com uma ótica, que, a bem da verdade, para muita
gente, implica na mudança de mentalidade e atitude do ponto de vista
político-social. Isso se aplica também quando se trata dos PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais – MEC , 1997) e das obras de muitos outros escritores e
estudiosos da nossa língua como Mário Perini, Celso Pedro Luft, Irandé Antunes,
Sírio Possenti, Ataliba T de Castilho, Luís Antônio Marcuschi, etc. etc. etc.
Numa entrevista
concedida à revista “Na ponta do Lápis” (também publicada aqui nesse blog), Adélia
Prado (adoro), sob indagação sobre que tipo de postura um professor pode ter na hora de
trabalhar poesia com crianças e adolescentes, é categórica: “A melhor postura é
a de mostrar que ele mesmo, professor, ama a leitura, contagiar os alunos
através da ficção e da poesia com seu entusiasmo sobre nossa maravilhosa língua
portuguesa. Sem isso não tem nem como começar a falar do assunto. Não há
congresso pedagógico que dê jeito nessa miséria, professores que se gabam de
não gostar de ler. Mas esta entrevista me anima. Há muita gente boa preocupada
em melhorar a qualidade da vida e do ensino de nossas crianças. Longa vida aos
que levam a sério a tarefa de fazer do nosso país uma nação.”
É bem por aí... Faço exatamente essa analogia quanto ao fato citado acima. “Para um bom entendedor, meia palavra basta”; reza o dito popular.
Obrigada, Marcos Bagno! Por tudo! Foi um prazer enorme conhecê-lo...
Obrigada, Marcos Bagno! Por tudo! Foi um prazer enorme conhecê-lo...
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A mais recente publicação de Marcos Bagno - Parábola Editorial - |
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